quinta-feira, fevereiro 05, 2004

Bem, depois de difamar o petardo de Sofia Coppola (e já encontrei mais um parceiro no crime) o esquema aqui vai continuar tocando da mesma forma. Vocês devem estar se perguntando se minha mente ainda está sã. Assistindo todos os Kiarostami possíveis (só falta o ultra-mega-super-badalado O Vento nos Levará, que alguns dizem ser um pé no saco, apesar de visualmente estarrecedor etc. Veremos - e Dez que está há semanas no "em breve" na programação do grupo Estação, de qualquer forma não vou ver mesmo, filme iraniano só chega em Niterói seis meses depois do lançamento "comercial" no cinema altê da UFF) e outros do país (ainda quero ver Salve o Cinema, A Maçã, O Espelho, Gabbeh e O Silêncio) e planejando uma rápida excursão, curiosamente em duplas, em outros cantos:

Vive L'Amour & O Rio de Tsai Ming-liang (risco de derrame se vistos no mesmo dia sem intervalos)
L'Atalante & Zero de Conduta de Jean Vigo
Vozes Distantes & O Fim de um Longo Dia de Terrence Davies
Um Cão Andaluz & L'Age D'or de Luis Buñuel
Vampyr & rever o supremo A Paixão de Joana D'Arc de Carl T. Dreyer

...e a tripla: Terra & A Mãe & Eu Sou Cuba! - o cinema soviético

e tentar assistir a: A Viúva Alegre, Napoleão, Maborosi - Luz da Ilusão, Zona de Conflito, Underground, A Grande Ilusão, O Boulevard do Crime, Teorema etc. Mas os de cima vejo, se Deus quiser, nesse mês.

Os comentários são muito problemáticos. O tempo que tenho livre é dividido entre escrita (basicamente esse blog, o cinfomemo [editado com fotos lindas de Embriagado de Amor] e editando o que assisto no novo indexguialves), leitura (estou tentando começar L.A. - Cidade Proibida, mas não me conecto muito com narrativas policiais & li trechos de Temporada de Caça, de Russel Banks [dele já li o magnífico O Doce Amanhã, adaptado com poder por Atom Egoyan] - muito bom, ácido, ágil, desesperadamente solitário - acho que fico com Caça mesmo) e, bem, ficar diante da minha TV vendo filmes. Eu tenho muita facilidade para escrever mas pouca organização; quem lê isso aqui sabe que a coerência de uma linha para outra é feita aos trancos e barrancos e é justamente por isso que eu, dificilmente, divido em parágrafos (a de Close-up foi minha primeira e possivelmente última tentativa - mesmo escrevendo rapidamente [anotei meia folha de observações inclusive os dois trechos significativos que destaquei]). Olhem o bolo que ficou a de Encontros e Desencontros... Mas não sei se isso é propriamente um defeito (e nem estou me valorizando aqui, aliás) já que considero o despojamento, inato a uma boa crítica. Vou dar um exemplo: não consigo chegar ao último parágrafo de nada que Pablo Villaça escreve, o didatismo dele é impressionante (-mente insuportável) e parece que está sempre preso a uma mesma fórmula, com mesma piadinha (nos filmes com *) e elogios idênticos (nos filmes *****). Nada contra críticas metidas à engraçadinhas até porque acho que revelam muito mais que o formalismo blasè (o melhor nisso é provavelmente Mike D'Angelo, que ganhou um link ao lado merecidamente) e seria um tanto hipócrita de minha parte mostrar insegurança quanto a, já que são muito freqüentes quando não me interesso por um filme (fica mais difícil brincar com algo que você admira, há o ímpeto de se querer passar uma imagem limpa, reacionária e sem exageros, algo que atraia quem não viu e também, como, COMO fazer graça com Kiarostami & Cia.? Ahn... "os iranianos ao invés de falarem, grunhem" e desce, desce).

Bem, nessa semana espero ver os Ming-liang, Davies, Buñuel e Vigo e comentá-los bem de leve. Acho que o valor do que cada um escreve agora só será realmente mensurável em anos ("não acredito que escrevi isso!", "que argumentos foram esses?" etc. - eu tenho vários artigos irreconhecíveis de um ano e meio atrás). É tão bom quando se vê um foto antiga dos seus hábitos infantis (eu, durante algumas semanas, montei um escritório de papelão na sala de estar do meu apartamento, com mesa azul, tinta guache (era água entornada, pano sujo, mãe histérica, camisa manchada), uma coleção de lápis-de-cor, canetas e aqueles lápis - que pelo menos um de vocês devem conhecer - com personagens dos filmes da Disney (da Warner, Marvel também) em cima, acho que a marca era "Applause" e blocos, cadernetas, livros escolares e não consigo acreditar que tudo aquilo se perdeu e meus pais não guardaram nada... NADA. Mesmo assim, antes tarde do que nunca, aos 16 anos (idade quando o primeiro blog foi criado) comecei a matutar idéias que podem ser convertidas em outro leque ou retificadas de alguma forma mas que sabe, te ilustram bem, pelo menos na época. Se o blogger não zerar meus esforços, vai fazer por mim o que papi/mami nunca fizeram: manter um espelho de minha auto-consciência sem intermediações de terceiros (que não incluem vocês, óbvio).


xxx


Isso foi rabiscado às 2 da matina então nem venha me pedir coerência, isso aqui é de graça e se não gostou... é um país livre, ainda.

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