sábado, fevereiro 07, 2004

046. (06 Fev) O Espelho (Ayneh, Jafar Panahi, 1997 | vídeo, Cult, 95' | **)

Seria a mesma (boa) história de sempre, com graciosas crianças iranianas tentando superar adversidades (no caso desta, a caótica capital do país - Teerã) e atingir um fluxo de interação com o mundo e seus habitantes para alcançar o que quer. Mas tem uma brincadeirinha metalinguística de cinema-veritè se metamorfoseando na própria filmagem do filme (o que acaba por acentuar o caráter verdade do cinema em geral porque define que tanto na ficção como na realidade o objetivo real da garota é chegar em casa mesmo que essa ramificação provenha de outra fonte [a mãe não vai buscá-la no colégio & a menina está cansada de filmar e "pede demissão"]). Não chega aos pés de um Kiarostami e Makhmalbaf da vida (notadamente das maravilhas Close-up e Um Instante de Inocência) mas é interessante (mesmo se repetindo até dizer chega), oferece um painel cultural (especialmente os insights sobre família, o novo papel da mulher, educação - todos bem posicionados) e urbano (digamos que o trânsito de Teerã é uma coisa impensável até para um paulistano e carioca) e aquela protagonista merece todos os prêmios do mundo por espontaneidade e fofura.

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