quinta-feira, dezembro 23, 2004

FÉRIAS (SOUTH PARK comentado; GILMORE GIRLS, semi)


(22 dez) SLEEPLESS (Dario Argento, 2001) 50

(23 dez) tv: GILMORE GIRLS, 5.1 ****½

(23 dez) /SOUTH PARK: BIGGER, LONGER & UNCUT/ (Trey Parker, 1999) 62 (uniformemente selvagem e arrogante, uma clara tentativa de abarcar uma infinidade de prazeres/fetiches proibidos infanto-juvenis (violência no cinema; palavrões cabeludos; clitóris etc.) adereçando-os frente a frente com a potencial coerção social; nesse sentido, a figura materna é vista como fonte de todos os problemas, neurótica e elétrica, superdimensionando sua tirania em escala global. o grande interesse proporcionado pelo filme hoje, 5 anos depois de sua concepção e após notável enxurrada de sátiras e paródias destas é justamente apresentar uma abrangente incorreção política de mãos dadas com a preservação idílica da inocência infantil; o quarteto é prova viva da ineficácia de significantes (ver parêntese acima) - geralmente tidos como deflagradores de 'traumas e danos cerebrais irreversíveis' - quando não há o respectivo acompanhamento destes ao uso prático correspondente, ou quando essa praticidade advém de linhas de raciocínio como 'xingar irrita os adultos' e não de uma lógica conscientemente trangressora. dito isso, creio ser importante frisar que o filme nunca desenvolve um tom harmônico (saddan e satã estraçalham o ritmo non-sense, francamente dispensáveis) e algumas contradições, mesmo elucidativas, são arremessadas a esmo, sem um trabalho mais elaborado de encaixe (p. ex. a súbita consciência de raça/negra do cozinheiro durante a guerra vai de encontro ao seu posicionamento reticente na 'hierarquia social' anterior a ela; os diretores espancam a censura americana para logo depois assoprá-la, mostrando crianças perceptivelmente influenciadas pelo filme canadense etc.). e, sim, inegavelmente divertido, com uma melodia mais chiclete que a outra. nota: cotação admitidamente baixa em retrospecto.)

(24 dez) tv: GILMORE GIRLS, 3.19 ****

(25 dez) tv: /GILMORE GIRLS, 5.1/ ****½

(26 dez) leitura: /ALTA FIDELIDADE/ (Nick Hornby, 1995) ****

(27 dez) tv: GILMORE GIRLS, 3.20 ****

(27 dez) /ALTA FIDELIDADE/ (Stephen Frears, 2000) 54


(27 dez) DIA DE TREINAMENTO (Antoine Fuqua, 2001) 67

(28 dez) A SEGUNDA GUERRA CIVIL (Joe Dante, 1997) 73

(28 dez) BOB ESPONJA (Stephen Hillenburg, 2004) 34

(28 dez) OCEAN'S 12 (Steven Soderbergh, 2004) 45

(28 dez) tv: GILMORE GIRLS, 3.21 ***½

(29 dez) tv: GILMORE GIRLS, 3.22 *****

(29 dez) IT'S ALL ABOUT LOVE (Thomas Vinterberg, 2003) 6

(30 dez) tv: GILMORE GIRLS, 4.1 ****

(30 dez) IGBY GOES DOWN (Burr Steers, 2002) 63

(30 dez) tv: /GILMORE GIRLS, 3.22/ ***** (gilmore girls merece todo o crédito e bonificações especiais apenas por não sucumbir em situações discerníveis através de rótulos fáceis e emoções estocadas em compartimentos, retiradas deliberadamente conforme o botão de comando que se deseja pressionar no espectador. é surpreendente notar, então, que freqüentemente bipes e cliques me convertem em fiel seguidor do seriado sem que para isso ocorrer exista um possível vestígio de uma subjetividade automática e instantânea, uma sensibilidade conecte-os-pontos. ao contrário, existe um fio narrativo que une cada episódio em torno da idéia de personagens presos no passado, lutando em vão para encontrar chaves do escape fortuito e fugaz; as fechaduras são vistas com resignação esperançosa - via implícita, pela sugestão - e originam confrontos devastadores envolvendo a necessidade de independência em relação às cordas de cunho familiar e amarras sociais, como verdadeiras marionetes, pinóquios. ... segue ...)

(30 dez) tv: /GILMORE GIRLS, 5.2/ ****

(31 dez) tv: GILMORE GIRLS, 4.2 ****½


quarta-feira, dezembro 22, 2004

o grupo estação aparentemente acertou nas suas escolhas, eles exibirão em 2005: SEU IRMÃO (79), SOBRE CAFÉ E CIGARROS, CREPÚSCULO SEIBEI, CÓDIGO 46, e surpresa, BOM DIA, NOITE & UNDERTOW, além da volta do doc. CORAÇÕES E MENTES; THE BROWN BUNNY, espantosamente enjaulado, diz a que veio em primeiro de abril (essa escolha me parece um pouquinho suspeita).

a imovision, que deus a abençoe, chega com NOSSA MÚSICA, CLEAN, CASA VAZIA (diretor do filme das estações cíclicas), EROS, EXÍLIOS e CONTRA A PAREDE.

ainda temos DESDE QUE OTAR PARTIU, MARIA CHEIA DE GRAÇA, CASA DAS ADAGAS VOADORAS, HERÓI (73), O LENHADOR, IN THIS WORLD, RIDING GIANTS, BIRTH e outras gratas obviedades.

e nada de MAL DOS TRÓPICOS. o que talvez garanta um lançamento tardio são os discretos
contornos homossexuais visto que é razoavelmente constante a presença de filmes com subtexto gls comprados a toque de caixa (DELICADA RELAÇÃO & MINHA MÃE GOSTA DE MULHERES, já lançados e CACHORRO [18] marcado para final de abril). eu sei, é triste, mas um casal de heteros só colocaria o tailandês numa posição mais empoeirada do limbo cinematográfico.

***

segunda, 20/12, espaço unibanco:

ENTREATOS 70
PEÕES 63 e está caindo vertiginosamente.


domingo, dezembro 19, 2004

BAD SANTA (cps) 62
CONTRA TODOS (paço) 0
BLOOD SIMPLE / GOSTO DE SANGUE (paço) 78
/MEMENTO/ 83

MEMENTO merece um comentário. pena que não primo exatamente pela justiça.

CONTRA TODOS merece um rabisco de uma linha, algo como 'cada tomada e diálogo tende a constranger seus personagens ao invés de tentar descobrir algo remotamente interessante sobre eles'.

e...

FUCK ME, SANTA!


quinta-feira, dezembro 16, 2004

CENAS DO ANO, parte 1. (adendo adicionado logo após letra 'a')

CELULAR: o mundo de-meu-deus em três momentos:

a) Depto. Individualidade Relativizada: um caricaturista oferece seu serviço - ou seja, o retrato fisicamente fiel do cliente - já pronto no papel para o nosso herói e, logo após sua recusa, o mesmo caricaturista oferta a mesma caricatura para outro jovem, que vem logo atrás do protagonista;

(adendo: isso estabelece que a individualidade em um sentido ideal - a qual garantiria um retrato personalizado para cada cliente em potencial - cede passagem para um desenho fixo, uma tentativa de abarcar os jovens transeuntes num só saco; também enfatiza o caráter 'mais um na multidão' do nosso herói, que não se diferencia aparentemente em nada dos outros mil que se encontram por lá)

b) Depto. Signos Pop Ups: bassinger, descrevendo a aparência de seu filho ricky martin (ela assegura: 'foi antes do cantor!') inicia com o traje do menino (evidentemente escolar, logo informação de aproveitamento nulo) e termina com uma inesperada 'mochila do senhor dos anéis', algo que pron-ta-men-te clareia as coisas & no bar do aeroporto, o protagonista busca uma jaqueta dos lackers, ele encontra... a errada. sim, duas jaquetas! quais são as chances desse frenesi consumista ocorrer em dose dupla?;

(nota: perceba que uma situação complementa a outra; na primeira temos a direta identificação da franquia de modo quase impensável tamanha a influência da marca para tão imediato reconhecimento, ou seja, é de se pensar que muitos outros alunos também estão com a mesma mochila; na segunda esse pensamento se verifica como real, em uma impossibilidade absurda, ou melhor, nem tão absurda assim se considerarmos que o protagonista nem mesmo pergunta o nome do cara com a jaqueta antes de enfiar o celular em suas mãos)

c) Depto. Biologia e Saúde: conhecimentos biológicos primários - a artéria braquial transporta 30 litros de sangue por minuto - são valiosos em algumas situações (cf. KILL BILL, VOL. 2: elle recita solenemente a previsível 'morte encarnada' de budd pela black mamba) & médico revela: 'não foi grave, mas uma parte do tecido gangrenou.'; policial retruca: 'não, isso é um pedaço da máscara de abacate.' e daí a ladainha do spa de-um-dia que não é salão de beleza.

eu adoro esse filme. ele me recorda MIAMI BLUES e esse despojamento auto-consciente surrupia boa parte dos possíveis problemas que viria a ter em uma outra ocasião. felizmente desconhecida.

***

Os Sonhadores, 52 (qua, estação icaraí)
/Stagecoach/, 79 (qui, t&l)

terça-feira, dezembro 14, 2004

O EXPRESSO POLAR (74)

Obviamente especial: o protagonista cético com o recorte da 'greve dos papais noéis' nas mãos e observando em modo meu-mundo-ruiu uma menina, de sua idade aparente, com a barba e traje do bom velhinho em uma capa de revista são de uma delicadeza impressionante; até mesmo pela sua reação natural: contar a 'grande farsa' para sua irmã (ato, sabiamente, não encenado) prontamente desmentido pelos pais. A questão da fé abalada é filtrada no processo de reconquista da capacidade de confiar em algo; isso diminui drasticamente a ênfase no conceito de fé da doutrina cristã, adaptando-o para uma instância que equaliza confiança e segurança - nos minutos finais, pós-viagem, a ansiedade insone do protagonista, verificada antes dela, desaparece. E talvez os momentos mais belos sejam aqueles em que a confiança absolutamente firme e segura da menina (ver cena do freio de mão, com o protag. optando pela alavanca escolhida por ela) é transmitida via amizade/convivência ao Nosso Herói e ao menino pobre, ou seja, a 'adesão' do trio se manifesta como adesão 'de causa'.

Gratificante é notar que o filme não concentra o 'espírito natalino' no intercâmbio de presentes; nos momentos finais, com a já prevista aparição de Noel, o clima 'É Natal' foi previamente dissecado através da independência do trio ao desbravar o local. Essa sensação de descobertas é ratificada por meio de duas vias: a) o trio de amigos é tratado como recipientes 'vazios' ávidos por alguma experiência única e transformadora (algo que geralmente não aprovo com frequência); b) essa bravura questiona, de alguma forma, a autoridade do oficial da embarcação (Tom CGI Hanks), o que deixa tudo mais estimulante*. E a trajetória culmina em algo perigosamente próximo do preocupante com o protag. desperto, rasgando o casaco e se deparando com uma locomotiva (/expresso) que sua irmã ganhou de Natal (referências à noite anterior); tal onda incrédula se dissipa com a abertura do presente ganho nessa aventura, tornando-a 'real' e demarcando, com certeza, que aquilo não foi um sonho. Eu juro que esperava a perda irrecuperável do presente com o menino acreditando pelo fato de acreditar, sem uma prova concreta da existência daquele expresso, mas isso não seria muito cristão de minha parte? Talvez, mas a ambiguidade resultante se sobreporia a essa visão do espírito natalino materializado internamente, sem interferências externas. Provavelmente foi melhor assim, substancialmente menos reacionário, creio. O curioso é que essa ambivalência se integra perfeitamente a essa 'fé cega' cristã.


Décimos extra como bônus pelo solitário acima do trem e sua postura despojada de 'tudo tem seu tempo', antecipando muito do que irá ocorrer no decurso da metragem & por sequências impressionantes, incomparavelmente melhores que à Hora (sim, uma hora em sua totalidade) do Vamos Ver de Os Incríveis.


* não estou estimulando esse tipo de comportamento; não façam isso, crianças, na minha opinião.

...

Shaun of the Dead (12/12) 53
/Sob a Névoa da Guerra/ (13/12) 67


sexta-feira, dezembro 10, 2004

OS INCRÍVEIS (39)

apenas algumas anotações; não tenho nada a dizer que mereça uma organização mais apurada.

Dinâmica Interna: super-heróis são seres especiais (grandes poderes --> grandes responsabilidades) :: super-heróis são pessoas como outras quaisquer (glúteos/pança sujeitos à gravidade; descontentamento típico de subúrbio americano) :: espectadores são super-heróis & especiais. Bem, que tipo de auto-congratulação poderia ser mais râncida e amarga?

Pergunta Que Não Quer Calar Versão Capa e... Não, Capa Não, Não!: por que colarinhos brancos ocupando poltronas desconfortáveis em seguradoras é o retrato geralmente utilizado quando se pretende um enfoque preciso em um cotidiano enfadonho e burocrático? E porque, ratificando, a quase obrigatória tomada de cima através da qual percebe-se aquelas repartições, cubículos do mesmo tamanho com pessoas que se diferenciam umas das outras pelo Cartão Bate Ponto?

Filmes Numa Casca de Noz: aquela sequência em que o Sr. Incrível, já na Ilha Tropical, se afasta do computador quando é detectado pelo sistema de vigilância do local (sua mulher o 'rastreia') através de uma pequena ponte e é derrubado por coisas que parecem bolas pretas é a materialização cinematográfica da Ponte do Rio Kw... que Cai (sim, do Faustão).

Referendando Referências: a costureira/figurinista excêntrica do filme é vista como uma caricatura de Edith Head mas também pode ser encarada como uma homenagem ao personagem Q da série 007; Função: Fashion Designer.


sábado, dezembro 04, 2004

4 FILMES ADICIONADOS

29/11, segunda = /celular/ 74

30/11, terça = /antes do pôr-do-sol/ 95

02/12, quinta = monster 04

03/12, sexta = capitão sky et al. 53 + /canção na estrada/ (satyajit ray) 82

04/12, sábado = a fortaleza de ouro, w/o após 20 minutos (motivo prosaico: eu levei uma garota que é uma nulidade no inglês para ver um filme indiano legendado em [...] e, pior, só conectei os pontos quando o título aparece como The Golden Fortress. obviamente pedi desculpas e tentei uma tradução simultânea, mas carregar esse fardo por 2 horas seria fatal para maior aproveitamento, então digo 'se quiser ir embora...', ela quer, eu não tanto, mas saio. e fazemos coisas e Eu Concedo 88 para nossas três horas juntos.)

08/12, quarta = o estrangeiro (satyajit [er]ray) 34

09/12, quinta = o homem da capa preta (sérgio rezende) 39 ; his girl friday / jejum de amor (howard hawks) 84 ; a casa e o mundo (satyajit [er]ray) 49