sexta-feira, fevereiro 06, 2004

044. (04 Fev) /Vida e Nada Mais (E a Vida Continua...)/ (Zendegi va digar hich, Abbas Kiarostami, 1991 | vídeo, Cult, 91' | ****)


045. (05 Fev) /Através das Oliveiras/ (Zire darakhatan zeyton, Abbas Kiarostami, 1994 | vídeo, PlayArte, 103' | ***)


- Observação ligeira sobre Onde Fica a Casa do Meu Amigo?

Simpático, ocasionalmente belo, a fonte em que O Balão Branco e Filhos do Paraíso beberam (a eterna curiosidade infantil, o coração de ouro das crianças, seu mundo próprio desprovido de preocupações quaisquer que não incluam seu objetivo primordial [sapatos, peixinhos dourados, cadernos]), com observações sobre o rigor na educação, a incomunicabilidade da urgência infantil (no caso, devolver o caderno ao seu amigo devido a um ultimato dado pelo professor ao colega = imediatismo = companheirismo) no cotidiano prosaico dos pais etc. O monólogo interminável do avô do menino foi colocado ali somente para potencializar o entendimento mútuo entre velhinho e protagonista - mesmo assim me incomodou = tom muito didático, contraponto forçado. Cena memorável: na trajetória marcada por conflitos geracionais (o ritmo do andar; o medo do latido dos cães & a segurança proporcionada) o ferreiro mostra a casa do amigo que ele procura, só que o garoto já esteve lá e descobriu, anteriormente, que seu proprietário tem sobrenome homônimo com o da família que ele busca - então, a fim de chegar logo em casa (afinal, o pretexto para sua saída foi comprar um simples pão) ou simplesmente para não continuar incomodando o senhor (afinal ele foi o único ser verdadeiramente prestativo que cruzou o caminho do menino, que já estaria grato somente pela atenção recebida que fôra sempre o negada) ele esconde o caderno e finge que o entregou. A flor no caderno na cena conclusiva indica que o valor do trajeto é mais importante que o do destino, a persistência é inata do ponto de partida ao de chegada. Interessante, sensível, modesto.



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