quinta-feira, dezembro 06, 2007

DEZEMBRO (adicionados: de MICHAEL CLAYTON a ANCHE LIBERO VA BENE)

234. (04 dez) SWING GIRLS (Yaguchi Shinobu, 2004)* 43

235. (04 dez) A MÚSICA DE GION (Kenji Mizoguchi, 1953)* 71

236. (05 dez) O ASSASSINATO DE JESSE JAMES PELO COVARDE ROBERT FORD (Andrew Dominik, 2007)* 66

237. (05 dez) JOGO DE CENA (Eduardo Coutinho, 2007)* 80

238. (06 dez) TROPA DE ELITE (José Padilha, 2007)* 65 [visto na derradeira semana, na última em que permaneceu de pé na rede cinemark, e minha nossa se a sala não estava cheia. capitão nascimento é claramente uma grande personagem, uma figura burlesca e mítica, algo que obviamente o humor-tropa-de-elite - você sabe, "fanfarrão", "pede pra sair", "04" - solapou e incutiu na minha cabeça, e os chutes na porta e portas no chão são perfeitamente equilibrados (estou pensando exatamente no estrondo "não abra mais a boca pra falar do meu trabalho" com a esposa). ele pede pra sair, de fato. e sai. e tem que achar um substituto, num deus ex machina que perdura pela meia hora final e expõe um leque de indecorosidades. desde o comentário que circula a boca maior de que passeatas pela paz organizadas por ongs emputecem nosso capitão (se um policial morre que representante de que entidade oferece o ombro, blabla), até uma das cenas mais retardadas do planeta: cinco minutos finais. parte do bope quer descer porque a comunidade está revoltada, e o bandido não será achado e a tortura está generalizada e isso aparentemente desagrada essa parte do bope (e essa parte dos espectadores) a reboque. daí veja se não aparece um moleque espevitado, que depois do procedimento do "saco" e logo antes do método "cabo da vassoura" revela o paradeiro do bandido, e, portanto, sim, a tortura em certos casos pode vingar nosso herói, fazer com que ele encontre seu muso e nos levar finalmente à última cena: uma que deixa a tela toda estilosamente bleech-bright, as in: o bandido chega ao paraíso, afinal, importa mesmo se o tiro de misericórdia foi dado na cara do sujeito (o moribundo pede arrego e diz que quer velório com caixão aberto, algo assim)? a resposta é obviamente não. e por quê? porque a violência aqui é um ciclo. um ciclo sem fim. começamos com funk, terminamos com funk. idiotia pura: melhor seria se concentrar em cenas como a reunião dos homens de preto, com diálogos despropositados e sem propósito algum como os relacionados à conjuntivite de um dos guerrilheiros ou ainda manter o chorinho e a gafieira do pequeno interlúdio crônica-de-uma-cidade, com os policiais novatos e seus chefes corruptos em puteiros, oficinas e bares, relacionados com o bicho, o guincho e as putas. ou ainda no hilário discurso o humanismo é fácil para os bem-nascidos do leblon, ou ainda jovens de 18 anos dançando shiny happy whity people e discutindo foucault nas aulas ("as instituições desumanizam") e contando como a polícia chega-chegando nas blitzes entre o rio e os balneários da riviera carioca. do modo como está, foi parido clássico, com seu arsenal de referências pertencente ao repertório comum, seus chavões alinhavados nas alas napalm-na-favela, eles-são-pessoas-também, reage-rio, isonomia-do-asfalto-ao-morro, reconhecendo em cada uma os disparates e incongruências típicas do vigilantismo. o rio de janeiro me esmaga e tira meu fôlego diariamente, carros de polícia atravessam as ruas desabalados, há umas semanas já uma mulher na delegacia de botafogo começou a arrancar as folhas de um mural com fotos de suspeitos, dizendo "vocês só vão agir a meu favor quando minha foto estiver aqui ó, aqui [aponta para o mural]". até hoje não sei se ela pretendia fazer um u-turn para a ilegalidade e o despudor ou se ela havia trocado as bolas e pensado que aquele mural era um obituário; ela falava que bandidos a estavam perseguindo etc etc. guardai as maravilhas de ser carioca com cidadania européia, ó pai.]

239. (07 dez) /FELICIDADE/ (Todd Solondz, 1998) 74 [uns 95 antes, só que eu tinha 13 anos e era indigente; pra cada tolice, como "eu não estou rindo de você, mas com você" / "mas eu não estou rindo", um doloroso bate-rebate entre o pai-patrão pedófilo e o filho inquiridor: "não, com você eu só me masturbaria".]

240. (08 dez) UNDER CAPRICORN (Alfred Hitchcock, 1949) 66 (filipe furtado, esse definitivamente não é o melhor filme do hitchcock. pára com a cahiers e grava daisy kenyon pra mim.)

241. (11 dez) NOVO MUNDO (Emanuele Crialese, 2006)* 44 [feeling good pelo fim e sinnerman na cena final, a do sucrilhos, ajudam um pouco. nina simone fez o milagre do qual a cenoura gigante (as the giant carrot) se esquivou.]

242. (12 dez) A VIDA DOS OUTROS (
Florian Henckel von Donnersmarck, 2006)* 57 [a dedicatória no livro? óbvia. convencional mesmo, e muito. desde quando isso é ruim? império dos sonhos na semana que vem e o drama de imigração burlesco de ontem já me bastam. notas altas atingidas aqui e acolá, especialmente quando propõe na escuta uma atividade de dedicação exclusiva e morosidade doméstica, uma questão personalíssima, afinado com o disposto em NÃO AMARÁS, por exemplo.]

243. (18 dez) MICHAEL CLAYTON (Tony Gilroy, 2007)* 61

244. (19 dez) RESCUE DAWN (Werner Herzog, 2006)* 63

245. (19 dez) IN THE VALLEY OF ELAH (Paul Haggis, 2007)* 67

246. (20 dez) INLAND EMPIRE (David Lynch, 2006)*

247. (21 dez) ANCHE LIBERO VA BENE (Kim Rossi Stuart, 2006)* 75