sexta-feira, outubro 29, 2004

cancelado o plano do post anterior em nome de PIXOTE (Hector Babenco, 1980, CCBB, 62)

JOELHO & BS, quarta.
O ABRAÇO PARTIDO & PARA SEMPRE NA MINHA VIDA, quinta.

e tentar, dificilmente, encaixar IGUAL A TUDO NA VIDA, num horário ingrato (21hrs). E um UHHHHH na minha opinião para os programadores da UFF: mostra Huppert somente às 21 - eu perdi Assayas e uma revisão de Haneke (Destinos Sentimentais / A Professora de Piano, que sou alucinado por).

E a grande notícia da semana é a nova temporada de Gilmore Girls... No... Ar... Estou devendo um comentário sobre a série, já eleita por antecipação como a melhor descoberta não cinematográfica do ano, simplesmente inacreditável.


quinta-feira, outubro 28, 2004

quarta

COM A BOLA TODA 41 (Pequeno Grande Time com técnico cujas pretensões se limitam a um comeback ligeiro... comentário continua... provavelmente)

quinta

O TERMINAL 50 (breve, acho, enfim, lindo trabalho de iluminação se nada mais, mentira, tem algo de interessante nele; a carreira de spielberg ainda está mais para um check up de rotina que em estágio terminal)
metade final de /UM CÃO ANDALUZ/ (n/a, a título de curiosidade: eu fiquei zonzo)
PARIS VU PAR... (GARE DU NORD) 63 (breve, acho)
SUPER SIZE ME 19 (obviamente mcrepulsivo e mcdeprimente e mchorroroso e mcidiota e mcmedíocre e mclimitado: Jackass + Michael Moore = implicações políticas sustentadas por desafios físicos = duh! cenas embaraçosas: 'o que é uma caloria?', 'o que nossas crianças estão comendo na escola?', 'a dura arte de conciliar o status de adolescente capa de revista com o de adolescente mcjunkie', menina obesa declara: É tão difícil parar...)

amanhã:

O JOELHO DE CLAIRE
BEFORE SUNSET (melhor filme do ano por antecipação)

segunda-feira, outubro 25, 2004

TODAS AS CORES DO AMOR (Goldfish Memory, Elizabeth Gill, 2003) 39, sem Águas de Março ~ 31

/ELEFANTE/ (Elephant, Gus Van Sant, 2003) 59

estação paço imperial, 25/10; comentários rápidos brevemente.

E, bem, vocês deveriam saber que a cotação 59 é derivada de intenso estresse emocional de minha parte, esp. quando o filme é fascinante, mas quer ser muitas coisas e vai saltitando de ponto em ponto; quando tem um trabalho de foco genial, mas resvala para a condição de míope etc. ou seja, todos os filmes cotados nessa marca são aqueles memoráveis, mas não particularmente bons.


quinta-feira, outubro 21, 2004

21/10

PÁGINA DE LOUCURA (Kurutta Ippeji, Teinosuke Kinugasa, 1926) 59 = estava gostando do ritmo frenético-contemplativo, elipses e fusões enigmáticas e surpreendentes (a geometria, os ângulos, graficamente impecável), ambiguidade existente na relação marido-mulher - para ele canalizar as atenções da parceira é preciso um certo estreitamento com o ambiente que a (e, consequentemente, o) cerca, se conectando com suas limitações e evocações específicas, no caso: um hospício, com toda a quebra de expectativas de um intercâmbio natural entre um casal - etc. e, do nada, pfff, me perco completamente e não me recupero nos próximos minutos, tudo parece esvanecer diante de um estômago pós almoço e sono atrasado; coloque um pouco de sal na cotação, estamos diante de uma obra-prima.

O GABINETE DO DR. CALIGARI (Das Kabinett des Doktor Caligari, Robert Wiene, 1920) 47 = não, eu estava bem desperto nesse filme, então nada de gentis temperos extra na cotação; sério, existe alguém que considera isso remotamente decente? Temos aqui um filme-experimento ("marco do expressionismo alemão!" é anunciado com alarde *tambores*), ou seja, algo milimetricamente controlado, tanto estética como narrativamente e, oh, !, disserta sobre hipnose, que é basicamente uma alegoria (admitidamente obscura) a esse pulso firme e corretor. Filme dentro do filme ou devaneio dentro do filme, chame do que parecer menos intransigente, mas o fato é que qualquer traço ambíguo é reduzido meramente ao protagonista ou contando uma história (de pescador) e adicionando facetas provenientes de sua mente fértil, ilusionistas por excelência como forma de provar sua sanidade (mais no sentido de auto-preservação já que seu interlocutor é um dos pacientes do hospício e não alguém com as chaves de seu quarto) ou narrando-a sem a parte do 'aumenta um ponto' do ditado 'quem conta um conto'. Será verdade? Será mentira? Prefiro me resguardar, ainda mais quando se presencia um cena conclusiva tão ineficaz quanto tola (até porque tropeça no próprio tripé ao trair a, já rala, dualidade supracitada), tipo 'puxa, esse ator não é o mesmo que interpretou o doutor manipulador-assassino? oh, estreitamento de conexões! puxa, tão avançado para 1920!'. Ah, pelo menos deixa os olhos satisfeitos com o fenomenal colosso arquitetônico dos cenários e figurinos.

quarta-feira, outubro 20, 2004

SER E TER, que merecidamente ganhou alguma atenção (se interessar, clique nos arquivos de junho), entrou no rol dos filmes revistos que não se agüentam em pé e se ajoelham desesperados diante da minha hostilidade implacável. Define basicamente o que é cinema contemplativo, de troca e recepção (as crianças aceitando o ambiente coletivo; o professor recepcionando os mini-calouros; os alunos mais velhos migrando para escolas de ensino médio; os espectadores completamente desnorteados com a tranqüilidade ensurdecedora que reina na província em questão) e admitidamente é um doc. cuja fonte essencial de criação de 'conflitos' (desde os minúsculos com pequenas rusgas entre colegas até as Grandes Questões com doenças que fazem parte do caminho e comportamento bicho-do-mato que será amolecido com a maturidade) se esgota, ou pelo menos deixa de soar orgânica para ecoar algum tipo de progressão muito bem pensada da cronologia, desde as inserções prosaicas (ordenhamento de vacas, cães pastores no jardim) até as estações do ano passando lentamente entremeadas com desenhos, matemática primária, empurrões e gramática. E o charme foi reduzido a metade, o filme estava vivo na mente durante a sessão, logo todos os rompantes já eram esperados e essa espontaneidade natural do doc. travou diante de cenas como a do background informativo do professor, deslocada ao extremo, tentando colocá-lo ao nível terreno (infância pobre, pai estivador) enquanto anteriormente tínhamos um ser humano envolto em abstração, guardando semelhança com um enviado de uma sociedade evoluída tamanha paciência, entusiasmo e louvável capacidade de ouvir; agora temos um homem feito, o qual leciona mas cuja profissão pode ter sido escolhida ao acaso e não por meio de uma predestinação agostiniana etc., ou seja praticidade do real > abstração da aura. Então, você conecta os pontos, faz com mão trêmula a linha reta: progressão bem pensada---------------------filme revisto. Enfim, ainda gosto do dito, a cena final é deslumbrante (a título de curiosidade: o mestre observa seus alunos saindo pelo portão da escola pela última vez naquele ano = recesso) e tem um pequeno diálogo envolvendo a criança mais quero-morder-a-bochecha e o professor: a classe fala sobre suas futuras profissões e pipocam aqui e ali 'quero ser professor(a)', daí quando ele pergunta às crianças o que exatamente um professor faz, esse menino acima citado diz categoricamente: 'eles escutam.' (63)

Lição do Dia: não reveja filmes em um espaço menor que 6 meses.


obs: olhando a progressão dos filmes vistos devo adicionar dois que não constam, devido ao frenesi do festival, vistos um dia antes da maratona começar (i.e. 23/09), são eles:

/Longe do Paraíso/ 60 (dvd, sala de projeção, iacs)

O Buraco (Tsai Ming-liang, não o que se encontra na estante 19, prateleiras 4, 5 e 6 da Blockbuster) 78 (cine arte UFF)


* comentários em breve (sei), Longe do Paraíso já passou pelo meu crivo, clique nos arquivos de março (096).

quinta-feira, outubro 14, 2004

boletim rasteiro:

esqueci de comentar (ou, ao menos citar) um curta da aula do JLV: MESHES OF AFTERNOON, mas que seja, aparentemente nosso professor não é adepto do esquema auto-didata de interpretação e precisa nos ajudar a formar uma opinião pausando a coisa de 20 em 20 segundos e babando algo como ("observem o plano POV.", "isso pode significar uma menção simbólica [complete com analogias aleatórias]"); de modo que acho que não vi a coisa ainda.

tentei com algum custo rever CRIMES E PECADOS, do Allen, no MGM, domingo. Não consegui terminar: inacreditavelmente tolo, guiado no ritmo do 'mosaico de personagens que compartilham alguma aflição e a ironia acachapante-mas-blah de Allen', são conflitos cuja deflagração anula solenemente o sentido de escolha, assim, 'minha amante vai destruir minha vida de casado, vou matá-la, mas dissociando ela-amante-rala-e-rola da nomedapersonagem-dona-de-casa-lava-e-passa temos um ser humano com direito à vida e a cometer erros, no caso, ameaçar minha vida de casado, logo terei de matá-la ETC...'

outra tentativa, em outros domínios dessa vez foi criar algo bem elaborado para 29 PALMS, deslumbrante, impecável construção do mito americano através de marcações (na acepção cenográfica do termo) e intimidade (o deslocamento, 'vultos vagando vagarosamente em voga') mas por hoje não deu. Problemas: não tenho bagagem suficiente para conceber algo assim & não fiz anotações o bastante de exemplos práticos embora com a revisão várias cenas e diálogos permancem vibrantes na cachola. E tem uma canção japonesa pop/country perfeitamente inserida no filme (no sentido de ritmo, em rel. às estradas arenosas do interior de Los Angeles)

e KILL BILL, VOL. 2, visto duas vezes seguidas hoje, quarta. Tarantino mostra suas cartas: coroa a experiência do espectador, indulge uma cultura que ele não criou mas se acoplou livremente; glória passada de mentor para discípulo = para reverenciar (o contido derramamento de sangue: a Noiva não mata ninguém aqui, ela arranca olhos e toca naturalmente em cinco pontos do corpo de Bill, mas ele não morre em suas mãos mas pelas suas mãos ["você está pronto."], nocauteia qualquer um testemunhar Bill literalmente entregando seu coração etc. entre outros detalhes de ouro [muito cansado para detalhá-los, mas sim, os monólogos fatalistas do início e o protagonizado pelo super-homem {RIP!} estão entre eles]) ou torcer o nariz (o treinamento, o chefe de Budd, o cafetão, o teste de gravidez) mas a linha de encantamento é prodigiosamente uniforme.

segunda-feira, outubro 11, 2004

REPESCAGEM, BOLETIM 2

/TWENTYNINE PALMS/, 90
CENTRAL AL JAZEERA, 57


CCBB/KEN LOACH:

curta da seleção 11 DE SETEMBRO, 64
CATHY COME HOME, 77


sábado, outubro 09, 2004

REPESCAGEM, DIA 1

ALEXANDRIA... NEW YORK - 60 (militância política suave e mais específica que um loach da vida + enredo com tom deliciosamente popular/farcesco que poderia estar em algum filme bollywoodiano = a prolixidade na forma como mescla nostalgia e incerteza tem sua graça em partes, notadamente na primeira metade. o conflito de sangues (árabe, americano) esgotou minha paciência, verdade seja dita, sabe, você pensa que quando um pai conhece seu filho somente aos 25 anos, o conflito instalado tem potencial nuclear para destruir as famílias de ambos [sim, porque em 25 anos, nem o sangue resiste a casamentos, separações, namoricos] pois a dupla, a um só fôlego, revive o passado [boa utilização do recurso do mesmo ator no papel do pai jovem e de seu filho] e reconhece sua transitoriedade, mas não, as rusgas revolvem em hemoglobinas, linfócitos e plaquetas -- tudo politicamente defensável, mas extremamente ingênuo, tipo: ok, o senhor já martelou isso aproximadamente xxx vezes, o recurso dramático já foi repassado, obrigado, seu troco é menos 1 ponto na cotação e meu ar ligeiramente decepcionado.)

UM DIA QUENTE DE INVERNO - 63 (admitidamente passável, só que o desenvolvimento das conexões entre a família sem a figura materna e outra completamente perdida fisicamente ganham dimensões estratosféricas [grandes cenas: 'papai, quero fazer xixi!'/deitando e rolando na praia], a problemática é talvez adaptar os antigos laços às novas possibilidades: o quanto será preciso camuflá-los para que algo de novo os complemente? [fica claro, espertamente, que a mera substituição não vigora] em todos os casos, é inspirador ver as soluções dolorosamente conciliadoras apresentadas.)

A ÚLTIMA VIDA NO UNIVERSO - 59 (elipses e explosões enigmáticas iniciais dão o tom da primeira meia hora, tempo se dilata atmosfericamente como se a ordem cronológica usual fosse mais uma convenção inoportuna, Bangcok parece suspensa numa aura impermeável de hesitação [de alguma forma parecido com o recalque saudável de TROPICAL MALADY, no geral, irmão gêmeo de O BURACO] etc., enfim, LOST IN TRANSLATION feito da maneira correta: momentos de transição não significam necessariamente instantes de revelação ou etapas para a transcendência... a coisa sai -- feio -- dos trilhos na metade final: idiossincracias a partir de detalhes francamente mal formulados e incongruentes de personagens, floridas com glacê 'qual é meu papel no mundo? ooh, estou deslocado!' [assim, quer um mapa para sair da sala de cinema? acho que posso te ajudar, inclusive te acompanhar...], engrenagens se ressentem da presença do óleo 'dinâmico' até os minutos finais, nos quais o abstrato ganha formas - pode-se tratar de algo como a queda do hedonismo e a conquista de gravidade [no sentido figurado também: ver trecho a respeito da aura da capital tailandesa] para cada ato praticado etc. fato curioso do filme: recordes mundiais de 'determinado personagem tenta de todas as maneiras possíveis se suicidar' & 'determinado personagem falha por diversas razões, prováveis ou não, ao não conseguir o intento'.)


Lição do Dia: o pastel de peito de peru e provolone pode ser tão saboroso quanto o de frango com ricota.

Segunda Lição do Dia: não adianta se esconder no banheiro masculino localizado dentro da sala Unibanco 1 entre uma sessão e outra por motivos embaraçosos de corte de gastos. existe uma vigília programada contra pessoas saudosistas, que querem apenas assistir dois filmes pelo preço de um, como uma matinê do sábado ensolarado da segunda semana de janeiro de 1954.

Terceira Lição do Dia: também envolve sanitários de forma bizarra: "economizar água é esbanjar inteligência". acho que isso também vale para as "2 folhas de alta absorção" ou para o "papel higiênico duplo" ou ainda para o sabonete líquido "três em um" etc.



quarta-feira, outubro 06, 2004

DIA 10

-- (compromissos com o TRE)

DIA 11

20 : 30 : 40 - 50 (progressão!)
BAADASSSSS! - 45
TARNATION - 76 (o depoimento de Hilary é provavelmente uma das duas os três cenas mais orgásmicas do festival)

DIA 12

ERA UMA VEZ NA AMÉRICA - 56
off festival (ccbb, ken loach) - THE FLICKERING FLAME - 58
idem - WHICH SIDE ARE YOU ON? - 64 (o cancioneiro popular abre um baú de memórias do vilarejo e as coloca face a face com a realidade prática. ilumina e inspira até quando se percebe que a 'realidade prática' = opressão da força policial inglesa. duh.)

DIA 13

29 PALMS - 84 (e vai subir na revisão, BRILHANTE! Gigli + Irreversível etc.)
ÁGUA-VIVA - 43 (o plano final com as camisetas estampadas [provavelmente daquelas de grife pó$ moderna, emblemática e engajada] com Che Guevara consegue ser mais medíocre que a travessia das águas de Eu, Meu Amigo e Minha Lambreta. *GRRR GRRR GRRR, EU PERDI SWEET SIXTEEN POR ESSE FILME, GRRR GRRR GRRR*)
off festival (ccbb, loach) - KES - 65

DIA 14

UNDERTOW estava programado a priori, mas já está comprado (certo, ALL THE REAL GIRLS também estava e não entrou em circuito, mas este é um thriller, com chances infladas de dar as caras num cinema perto de você) e não posso perder a última aula do dia de Direito (Teorias do Estado, a título de curiosidade) e nem a parte inicial da de Cinema, já que faltei terça passada em nome de TROPICAL MALADY. Joe > David, aparentemente.



AGUARDEM COF INFO. COF REPESCAGEM. CÂMBIO. ATCHIM. KLEENEX. ATÉ.



domingo, outubro 03, 2004

FILMES DO FESTIVAL em ordem de preferência, cotações ligeiramente modificadas:

A Batalha de Argel 89
Mal dos Trópicos 88
Seu Irmão 79
Mods 78
Temporada de Patos 75
Herói 75
Por Uns Dólares a Mais 75
O Refúgio de Meu Pai 73
Steamboy 69
Você Não Pode Mudar as Ruas Mas as Ruas Podem Mudar Você 69
Estarei Sempre Aqui para Você 69
O Perdão 67
Caminhos para Koktebel 66
Dogora 63
Encenando "Na Companhia dos Homens" 54
Santa Menina 52
Dias de Santiago 49
A História de Marie e Julien 42
O Intruso 39
Cachorro 14

próximos: 20:30:40; Baadasssss!; Tarnation; Era Uma Vez na América; 29 Palms; Undertow. provavelmente troco Água-Viva (Bright Future) por Kes & Sweet Sixteen na retrospectiva de Ken Loach no CCBB.


sábado, outubro 02, 2004

DIA 9

SEU IRMÃO 81
O REFÚGIO DE MEU PAI 73


sexta-feira, outubro 01, 2004

DIA 8 (comentários preto-no-branco, só para não passar em...)

A BATALHA DE ARGEL (restaurado) 89 -- exasperante, ensandecidamente bela abordagem da consciência revolucionária e das forças de dissolução desta; sem generalizações, apenas uma massa de contradições ora reacionária ora progressista, sempre entrelaçada por algo mais resistente que a natural repulsa ocasionada pelos diferentes estágios - pretendidos - de revolução e os métodos para a conquista de tal objetivo (argelianos) ou dos graus distintos de repressão utilizados (força policial francesa). Algumas imagens fenomenais (a escadaria na qual o velho é humilhado é tão memorável quanto a de Odessa; o plano no qual a mulher árabe, antes de plantar a bomba em um café, observa as mesas, as pessoas, os sorrisos, as trocas e os poucos segundos entre 'ela desiste?' ou 'tudo pela causa!' são orgásmicos; a execução 'mostrada' no olhar de um prisioneiro, ainda mais tocante devido à imperceptível variação da 'intensidade' de seu semblante antes e após a decapitação = embrutecimento do homem comum etc.), sublime toda vida.

CACHORRO (mundo gay) 18 -- essa sessão foi caótica/antológica, temi até pela minha integridade corporal; quanto ao filme: munição para os skinheads direcionados ao grupo gls (plano externo) + homofobia em limites INtoleráveis (plano pessoal). Mãe hippie = não se importa se o filho de 9 anos é gay ou não, na verdade, adivinhe que opção ela escolheria para ele?, usa drogas, é soropositiva / irmão da mãe hippie (protag.) = gay, soropositivo, liberal mas teme maiores compromissos (morar com um parceiro? "não estou preparado.") pois seu namorado morreu em circunstâncias misteriosas / menino (filho da hippie, sobrinho do protag. etc.) = pensa que é gay, é contra a legalização das drogas, o típico exemplar que faz senhoras gemerem em profunda comapixão em uma sala de cinema (ahhhh, que f-o-f-o!) / amigos do protag. = todos gays, extremamente festivos, caricaturas da exacerbação desmunhecada pós moderna, exceto claro, os amigos não-gays, complacentes, puro nonsense / avó do menino (sogra da hippie) = conservadora, super-protetora etc. / complicações: a hippie foi presa na índia por porte ilegal de drogas; o menino, até então na casa do tio super-gay, é disputado por sua avó. (chega, se não consigo comentar filmes notáveis, não vou perder meu tempo com porcarias monumentais; mas não, tio kerry + avó bush não se encontram no tribunal, é mais uma versão soft gay, off neurônios de Um Grande Garoto). adendo: Tomada Que Diz Tudo: o menino sai da casa do tio para a barra da saia da avó, no momento da separação eles se abraçam como se fosse a última vez e isso só é visto pela câmera devido a duas janelas laterais do banco traseiro do carro da velha abertas, esta, impassível, olhando diretamente para frente (em relação ao carro), 'um dia você vai me agradecer por isso, moleque ingrato.' Mensagem do Dia: gays podem cuidar de crianças, direitos iguais, adoção descomplicada, ciência à serviço das minorias (i.e novas técnicas de fertilização in vitro [!?]) e acima de tudo, heteros abertos à diversidade! Talvez a intenção do diretor seja ampliar a percepção de nossa receptividade em relação à "generalidades", o que nos leva a "gays são pessoas também" = ah, agora tudo faz sentido!


ps: decidi diminuir a cotação de MAL DOS TRÓPICOS para meados de 70. é uma questão de sincronia minha com o filme e creio que ela não foi perfeitamente estável durante toda a projeção (fatores externos influenciaram), ainda assim uma experiência inigualável, repleta de digressões, gêneros se misturando, pessoas se amando, mitologia/alegoria/parábola, florestas equatoriais, música pop, lambaeróbica (sic), gelo etc., comentado abreviadamente em breve.

amanhã: SEU IRMÃO & VERA DRAKE, talvez dois de ken loach na mostra do ccbb, off festival do rio.