segunda-feira, maio 01, 2006

MAIO

126. (01 mai) LUA DE PAPEL (Peter Bogdanovich, 1973) ***1/2

127. (01 mai) NEW ROSE HOTEL (Abel Ferrara, 1998) **1/2

128. (02 mai) BOA NOITE E BOA SORTE (George Clooney, 2005)* ***

129. (02 mai) /KRAMER VS. KRAMER/ (Robert Benton, 1979) ***1/2

130. (06 mai) HARDBODIES (Mark Griffiths, 1984) **1/2

131. (07 mai) ONE MISSED CALL (Takashi Miike, 2003) *

132. (10 mai) MISSÃO: IMPOSSÍVEL III (J. J. Abrams, 2006)* **

você pensa que 24 HORAS está finalmente fazendo efeito quando você leva em conta aquelas decisões pragmáticas, prioritariamente apolíticas em assuntos explosivos de estado como batidas de martelo de quem entende do riscado e não de roteiristas que pegam aquele atalho preguiçoso no bom senso, mas daí vem essa outra agência secreta da inteligência americana, na qual as missões são designadas num piscar (sem aprovação do comando-geral, é aí que entra a parte secreta, aparentemente), o chefe diz "essa é uma agência da inteligência mas eu não estou vendo nenhuma por aqui" e todos os Tipos estão lá, desde o desavergonhadamente nerd no computador ("eu tinha um professor. ele era gordo. ele tinha um apelido..." etc.) até o chefão mal-encarado que aparenta ser o Grande Traidor (coisas que aprendi com 24 HORAS: todo traidor é um mártir nacionalista dependendo do ponto de vista lógico etc.) oh! mostra que as feições soturnas é parte do apelo irresistível de uma agência-bunker (#1: "nem tudo é o que parece ser"); logicamente o Grande Traidor é Aquele Mesmo Que Você Pensou Ser a Priori (#2: "lobo em pele de cordeiro").

ninguém esperava nada diferente, certo? essa ciranda de responsabilidades políticas, a batata-quente globalizada, fatalismo de maquiavel for dummies ("os fins justificam os meios" parece aliviar toda e qualquer decisão que poderia se passar por hum questionável) precisam se situar de um modo ou de outro num filme que começa em berlim (símbolo-maior do capitalismo pós-guerra fria, sendo que as cenas passadas na cidade se situam numa decadente zona portuária/industrial = comentário ácido-inócuo), vai para o vaticano (este é o mundo do tudo-está-conectado: assiste-se ao trailer d'O CÓDIGO DA VINCI e ele funciona como entreposto lógico [best seller, lembra?] para a provável compra ilícita entre traficante e funcionariado cristão) e termina em xangai (o oba-oba da nova onda chinesa, vista estritamente como a manhattan oriental com arranha-céus e neon e depois passamos para uma vila, i.e. cor local, i.e. tradição/costumes, i.e. "a reversão é possível?").

e as coisas são assim mesmo, curtas-e-grossas, na-sua-cara buscando a simples, óbvia satisfação de nossos interesses mórbidos, curiosos no grande rumo do planeta utilizando os elementos geopolíticos mais o-mundo-hoje e processando-os como a conveniência do bem informado que lê jornal com aquele orgulho besta e o broche do greenpeace.
ninguém esperava nada diferente, certo? agora, não só temos adolescentes Paralisados, que Não Sabem o Que Sentir Et. Al. como o soerguimento de novos e aperfeiçoados heróis, humanos dessa vez ("eu sangro", pixies). engraçado, frases de efeito que geralmentre entregam um aspecto da personalidade da tal pessoa (durão, engraçadinho, e só) durante cenas de ação - obviamente ridículas visto que quem perde tempo nelas durante fogo-cerrado inimigo? - não se prestam a esse efeito, o cara para ser considerado um humanóide em operação precisa trocar alianças toscas e, de preferência, se casar espontaneamente numa cerimônia ninguém-pode-saber, que serve tanto seu lado ultra-secreto como vejam-como-ele-é-impulsivo (impulsividade sendo a linha característica da índole de todo herói de interesse, ver cruise & capote na semi-descarga no avião). o fato é, se a mulher não morre assim que acaba o casamento (como em 007 - A SERVIÇO DE SUA MAJESTADE; bond, herói setentista), sua função catártica é de uma precariedade sustentada pelo fato dessa nova onda de heróis sossega-facho ser relativamente nova e as pessoas não se acostumam muito bem com isso (algo assim: "você tem seus super-poderes então que tal você deixar de lado a mulher que lhe é de direito [eita] para mim, mero mortal? onde estão suas grandes responsabilidades?). talvez peter parker consiga se sair bem daí porque ele é jovem, e jovens não pensam direito com a cabeça apresentável, e ele é nerd então ele merece, e ele levou o sermão das grandes responsabilidades então ele sabe para onde está indo e se ele foi para lá é porque está disposto a pagar o preço (muito alto, sempre, tanto é que sábia foi a decisão dele por ela somente no segundo filme). com tom cruise não funciona e o motivo é desconhecido. (R: talvez por ele não ter super-poderes mágicos, mas isso não invalida de todo seu raciocínio, guilherme)

duas cenas pá-pou-caboom-boom conceitualmente interessantes são as do vaticano e o roubo da coisinha-lá em xangai. na primeira, só o objetivo (sequestrar capote) é dado de bandeja, e isso é perfeito, porque segmenta o passo-a-passo daquele plano, não somos advertidos das ações mirabolantes que irão ocorrer, elas nos pegam de surpresa e quando nós pensamos na plausibilidade da coisa toda (que sempre acaba com "tom cruise pode") o plano já avançou mais uma casa e você volta ao processo anterior, de modo que quando a coisa termina tudo parece surrealmente natural (sabe aquele efeito divertido, elegante da lei do pequeno esforço - "isso é tão fácil para mim, me veja em ação" - de 11/12 HOMENS E UM/OUTRO SEGREDO?). na segunda, o roubo da coisa frustra expectativas porque tom cruise coloca o plano todo desenhado para o espectador e ele parece costumeiramente impossível; mas depois o filme mostra apenas o salto dele, deixando de revelar todo o desentolar da ação no interior do prédio. as expectativas são demolidas porque não se sabe exatamente o sistema de segurança que ele encontrará no edifício e nós queremos ver isso e isso nos é negado droga (NOTA: não estou falando da Magnífica Coragem do Filme - ela não existe - aqui, até porque o aparato contra furtos do lugar é colocado nas ruas de xangai assim que cruise sai são e salvo do lugar, ou seja, nós acabamos testemunhando uma amostra dele invariavelmente), ao invés disso, o filme se foca em uma conversa patética entre coadjuvante #1 e coadj. #2 que incl. a já infame fala "se ele não ligar para o terrorista em 5 minutos, ele matará a esposa dele" ou algo idiota assim; o divertido é que o ator que a proclama protagonizou MATCH POINT e o cículo das pequenas ironias desse mundo pequeno se fecha.

não tenho mais nada para dizer, eu acho, só notar que eu estava gostando bem mais que duas-estrelas-e-meia do filme até que eu tomo uma atitude e tacho como tapadas as inúmeras reviravoltas que funcionam como uma coluna vertebral torcida várias vezes para a direita até que nos minutos finais ela dá uma guinada para a esquerda e volta a posição normal, i.e. o mundo volta aos eixos e nunca deveria ter saído de lá porque não há nada que justifique qualquer uma delas. a não ser que o clímax tosco possa ser considerado uma rendição (#3: "o amor vence tudo") e explique a tomada do filme como refém de uma lógica que viabiliza uma pessoa que nunca encostou a mão em uma arma aprenda a engatilhar, trocar cartucho etc. numa explicação resumão de um cara com uma bomba na cabeça sofrendo espasmos aqui e lá (mais lá que aqui). última coisa:
que ousado! the emotions com a clássica setentista (anos setenta de novo? o fim da era do desprendimento bondiano?) "the best of my love" junto com kanye west (peguei umas músicas do late registration e não gostei) junto com beethoven! nada é sagrado?

133. (12 mai) AS MELHORES INTENÇÕES (Bille August, 1992)* 1/2

134. (13 mai) FANNY & ALEXANDER (Ingmar Bergman, 1982)* **1/2

135. (14 mai) HOJE E AMANHÃ (Alejandro Chomski, 2003) *1/2

136. (16 mai) HISTÓRIAS MÍNIMAS (Carlos Sorin, 2002) ***

137. (17 mai) MEU TIO DA AMÉRICA (Alan Resnais, 1980) ****

138. (18 mai) THE YES MEN (Dan Ollman, Sarah Price & Chris Smith, 2003) **1/2

139. (21 mai) JOE CONTRA O VULCÃO (John Patrick Shanley, 1990) ****

140. (28 mai) MADRUGADA MUITO LOUCA (Danny Leiner, 2004) **1/2

141. (28 mai) TODO MUNDO EM PÂNICO 3 (David Zucker, 2003) **

142. (30 mai) CRIME DELICADO (Beto Brant, 2005)* **

143. (31 mai) /SINTONIA DE AMOR/ (Nora Ephron, 1993) **1/2

144. (31 mai) OS REIS DE DOGTOWN (Catherine Hardwicke, 2005) **1/2