terça-feira, abril 03, 2007

ABRIL (adicionados: /MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN/ etc.)

086. (03 abr) SCOOP (Woody Allen, 2006)* 58

087. (04 abr) /UMA MULHER SOB INFLUÊNCIA/ (John Cassavetes, 1974)* 75

088. (05 abr) BRINGING UP BABY (Howard Hawks, 1938) 81

089. (06 abr) PARÊNTESIS (Francisca Schweitzer e Pablo Solis, 2005) 28

090. (07 abr) CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO (Neil Jordan, 2005)* 22

091. (08 abr) /BROKEBACK MOUNTAIN/ (Ang Lee, 2005)* 67 [antes: 63]

092. (08 abr) /O NOVO MUNDO/ (Terrence Malick, 2005)* 71 [antes: ~50]

093. (15 abr) /REIS E RAINHA/ (Arnaud Desplechin, 2004)* 85 [última revisão: 79]

Assistir a Reis e Rainha é como se perder num excelente romance, daqueles que insinuam um conflito para o leitor quando os últimos capítulos se anunciam: dever-se-ia ler mais pausadamente para não terminar logo ou lê-se ainda mais rápido, devorando as últimas linhas? Como uma novela, Reis e Rainha bifurca a narrativa. Logo de início, duas vertentes são instauradas: acompanhamos Ismael (Mathieu Amalric), bon vivant endividado, internado num hospício e sua ex-mulher, Nora (Emmanuelle Devos, extraordinária), diretora de uma galeria de arte em Paris, às vésperas do terceiro casamento e às voltas com o pai moribundo.

Os eventos dignos de nota são enunciados ou como prováveis, para os quais as atenções estão voltadas (vide "às vésperas") ou como circundantes, estabelecendo uma atmosfera característica (note "às voltas"). Assim, Reis e Rainha é mesmo uma novela, com as demarcações preliminares e a potencialidade de acontecimentos condicionados mutuamente. O que Arnaud Desplechin tem de fazer é injetar leveza na orquestração. E ele sucede especialmente na construção de cenas nas quais nada de significativo ocorre, que em nada ajudam na narrativa nem são retomadas adiante (p. ex: um Ismael desajeitado improvisando passos de dança ou a seqüência tarantinesca na loja de conveniência). Mais que soarem deliberadas e idiossincráticas, elas tiram o filme da fôrma, conferindo-o a capacidade de absorver e aproveitar qualquer coisa, sem um grande propósito em mente. Reis e Rainha corre riscos pela sua excentricidade, passando de uma cena caótica para outra, de um flashback para um devaneio, de "Moon River" para hip-hop.

Voltando ao dilema inicial: caso você prefira ver os últimos instantes de Reis e Rainha placidamente, estirado na poltrona, quem sabe três cenas elucidando um tópico semelhante (filhos, crianças, adoção) poderão desembocar numa progressão que vai da crueldade à reflexão pouco sentimental. A primeira é a rancorosa carta do pai de Nora; a segunda, um debate amistoso entre os pais de Ismael para acordar a adoção de um rapaz criado por eles e, finalmente, o discurso de Ismael no Louvre para o filho de Nora sobre a impossibilidade de adotá-lo. Mas se você optar pela "leitura dinâmica" perceberá como o filme, cena-a-cena, é um prodigioso emaranhado de tons, semblantes e reações e como suas citações à mitologia grega, Apollinaire e Yeats o posicionam menos como sofisticado e lido e mais como eclético e arejado. [texto para o catálogo "retrospectiva 2006" do cine arte uff]

094. (16 abr) MARIA (Abel Ferrara, 2005)* 57

095. (22 abr) UM CASAL ADMIRÁVEL (Lucas Belvaux, 2002)* 49

096. (22 abr) EM FUGA (Lucas Belvaux, 2002)* 47

097. (22 abr) ACORDO QUEBRADO (Lucas Belvaux, 2002)* 65

098. (23 abr) /SONHOS ERÓTICOS DE UMA NOITE DE VERÃO/ (Woody Allen, 1982) 63

099. (23 abr) /BARCELONA/ (Whit Stillman, 1994) 73 [antes: 67]

100. (25 abr) NAPOLEON DYNAMITE (Jared Hess, 2004) 50

101. (26 abr) BONEQUINHA DE LUXO (Blake Edwards, 1961) 65

102. (26 abr) FILHOS DA ESPERANÇA (Alfonso Cuarón, 2006) 67

103. (26 abr) O GRANDE TRUQUE (Christopher Nolan, 2006) 73

104. (27 abr) GUMMO (Harmony Korine, 1997) 32

105. (27 abr) /BRILHO ETERNO DE UMA MENTE SEM LEMBRANÇAS/ (Michel Gondry, 2004) 80

106. (27 abr) /MANHATTAN/ (Woody Allen, 1979) 84

107. (28 abr) /MISTERIOSO ASSASSINATO EM MANHATTAN/ (Woody Allen, 1993) 68

108. (28 abr) PLANO DE VÔO (Robert Schwentke, 2005) 47

109. (29 abr) EU, VOCÊ E TODOS NÓS (Miranda July, 2005) 63

110. (30 abr) LAST DAYS (Gus Van Sant, 2005) 48

111. (30 abr) JUNEBUG (Phil Morrison, 2005) 64