sábado, abril 02, 2005

ABRIL


080. (01 abr) ALIAS ALEJANDRO (Alejandro Cardenas-A, 2005)* 31

081. (01 abr) BUSH'S BRAIN (Joseph Mealey e Michael Paradies Shoob, 2004)* 33

082. (01 abr) THE LIBERACE OF BAGHDAH (Sean McAllister, 2004)* 53

083. (01 abr) VOCAÇÃO DO PODER (Eduardo Escorel e José Joffily, 2005)* 60

084. (02 abr) 19/20 (Sebastián Menassé, Florencia Gemetro, Mariano Tealdi e Carolina Golder, 2004)* 48

085. (02 abr) AS CINCO OBSTRUÇÕES (Jørgen Leth e Lars von Trier, 2003)* 70

086. (03 abr) MAR ADENTRO (Alejandro Amenábar, 2004)* 61

087. (03 abr) FROM TWO MEN AND A WAR (Robert Drew, 2004)* 69

088. (04 abr) FÉRIAS PROLONGADAS (Johan van der Keuken, 2000)* 80

c02. (04 abr) SURRATIONAL CITYSCAPING I: "THE RERUM NATURA" (Torben Skjødt Jensen, 2004)* 16

089. (04 abr) A COR DO AMOR (Maryam Keshavarz, 2004)* 38

090. (04 abr) PRIMARY (Robert Drew, 1960)* 64

091. (05 abr) NESPATRENÉ (Miroslav Janek, 1996)* 39

092. (05 abr) JANE (Robert Drew, 1962)* 66

093. (05 abr) ON THE ROAD WITH DUKE ELLINGTON (Robert Drew, 1974)* 56

094. (06 abr) STORM SIGNAL (Robert Drew, 1966)* 50

095. (06 abr) CRISIS: BEHIND A PRESIDENTIAL COMMITMENT (Robert Drew, 1964)* 40

c03. (06 abr) FACES OF NOVEMBER (Robert Drew, 1964)* 65

c04. (07 abr) OI LAURA, OI LUÍS (Márcio Melges, 1998) 57

096. (07 abr) CONTRA A PAREDE (Fatih Akin, 2004)* 36

097. (09 abr) GLASS ENCLOUSURE: TOKYO INVISIBLE (Mohd Naguib Razak, 2004)* 21

098. (09 abr) ZIMBABWE: CONTAGEM REGRESSIVA (Michael Raeburn, 2003)* 60

099. (09 abr) EN ATTENDANT LE BONHEUR (Abderrahmane Sissako, 2002)* 40

100. (10 abr) LE MALENTENDU COLONIAL (Jean-Marie Teno, 2004)* 42


101. (10 abr) KINGS AND EXTRAS. DIGGING FOR A PALESTINIAN IMAGE (Azza El-Hassan, 2004)* 52

102. (11 abr) O CLÃ DAS ADAGAS VOADORAS (Yimou Zhang, 2004)* 56 (sabe quando você vai a uma exposição de arte e o tempo de apreciação de cada trabalho é menor do que você gostaria porque um compromisso impede qualquer transe hipnótico de longa duração? saímos de um quadro perfeito, daqueles nos quais primeiro se observa o conjunto e logo depois se faz linhas e colunas imaginárias a fim de observar mais atentamente os detalhes e existe aquela vontade aflitiva de ficarmos ali parados, de modo que quando rumamos para o próximo, o sentimento de culpa pelo abandono repentino preenche você por inteiro e quando você começar a fazer a cruzadinha neste, bip!, siga para o terceiro. após algumas dezenas de obras, você chocado constata sua velocidade média de '1 quadro atrasado por minuto' e, bam!, você só se recorda com exatidão da primeira peça. pois é, esse filme é a versão cinematográfica desse evento. yimou deita e rola em tomadas de inventividade canhestra como o POV 'sou-uma-adaga/flecha-assista-meu-vôo' - também presente em HERÓI - e metáforas meteorológicas: a 'ventania', convenientemente, qualifica o ato de pular de galho em galho ('não sou um vento descompromissado, sou um vento brincalhão, vagueando por aí' [sério] ou 'sou como o vento: sempre em movimento' ou ainda 'passo sem deixar rastros') a uma questão de ausência de amarras e como isso, inevitavelmente, se amarrará à liberdade pretendida pela outra parte ('quero ser livre como o vento'). certamente interessante e até aconchegante em seu minimalismo formalista cambaleando entre a pureza e o kitsch desequilibradamente, com uma qualidade sinfônica evidenciada no final, impecavelmente ritimado no cai-levanta da morta-viva zhang ziyi. pena a profusão de reviravoltas medíocres (a cafetina é a líder do clã! 5 minutos depois: ops! etc.) na metade final conferindo à declaração perigosamente auto-consciente de determinado personagem - 'somos peças num tabuleiro de xadrez. ninguém se importará se morrermos.' - um tom de verdade incontestável. obs: preconizando o estupro - líder do clã bate o martelo: 'você não pode ter uma mulher contra sua vontade.' / obs2: Diálogo Que Deveria Ter Sido Sumariamente Eliminado: 'pensei que você fosse quente como o fogo, e não fria como a água.')

103. (11 abr) ASSALTO À 13a DP (Jean-François Richet, 2005)* 45

104. (12 abr) QUASE DOIS IRMÃOS (Lúcia Murat, 2004)* 50

105. (12 abr) ADORÁVEL JULIA (István Szabó, 2004)* 72

106. (12 abr) /HERÓI/ (Yimou Zhang, 2002)* 70

107. (13 abr) A PEQUENA LILI (Claude Miller, 2003)* 46

108. (13 abr) A MORTE CANSADA (Fritz Lang, 1921)* 51

109. (13 abr) FAUSTO (F.W. Murnau, 1926)* 58

110. (14 abr) /MULHOLLAND DR./ (David Lynch, 2001)* 69

111. (15 abr) /A MARCA DA MALDADE/ (Orson Welles, 1958)* 80

112. (15 abr) A ÚLTIMA GARGALHADA (F.W. Murnau, 1924)* 88

113. (17 abr) O GOLEM (Carl Boese e Paul Wegener, 1920)* 39

114. (17 abr) SEGREDOS DE UMA ALMA (Georg Wilhelm Pabst, 1926)* 32

115. (19 abr) NINGUÉM PODE SABER (Hirokazu Koreeda, 2004)* 81 (é natural que a sensibilidade folhetinesca levemente idealizada molde um compêndio de frustrações que se arrasta de maneira parecida com as adoráveis repetições taciturnas de WHISKY; mas trata-se de um acontecimento isso ocorrendo de forma tão especificamente terrena, como se depois de presenciarmos dada quantidade de murros em ponta de faca - cenas que transitam em ruas sem saída, de continuidade irremediavelmente bloqueada pelo concreto/neon opressivo de tóquio e percepção temporal ligeiramente dilatada - observássemos o desenrolar da situação a partir de uma perspectiva mais distante embora não menos agonizante: as crianças possuem aquela virtude falha do 'se acostumar com tudo' e essa nobreza resignada é comovente o bastante para me remover de um contato subjetivo-derramado com o filme para um nível de apreciação mais racional e estóico, semelhante ao olhar que koreeda lança a sua prole e através do qual esta enxerga o buraco sem fundo onde foram despejadas. embora seja notável a ocorrência dessa mudança súbita de engrenagens no inverso esperado - o cotidiano nada-acontece da primeira parte & o Grande Evento, potencialmente melodramático e catalizador de questões (como foi que essa situação chegou a esse ponto? etc.) tratado aqui com admirável recato, da segunda -, meu ceticismo inicial - o estoicismo pode ser abertamente irritante e estéril quando se relaciona com uma temática mais romantizada do aqui-e-agora - caiu por terra quando uma música específica invade a cena da volta para casa de metrô; não seria generoso de minha parte dizer que isso convenientemente quebrou-o-gelo, mas a ponte feita entre essa resolução e a primeira metade provou que eu posso transcender essas noções rigidamente escancaradas de como se deve reagir a um filme e simplesmente estar aberto às suas possibilidades, especialmente se elas forem tão receptivas aos movimentos naturais e cadenciados do 'saudoso fatalismo', pelo menos segundo minha concepção pessoal, que pode ser traduzida no processo 'caindo a ficha': você desaba repentinamente quando pensava estar segurando firme as pontas/rédeas.)

116. (19 abr)/BEFORE SUNSET/ (Richard Linklater, 2004)* 95 (ah!)

117. (20 abr) O SÉTIMO SELO (Ingmar Bergman, 1957)* 43

118. (20 abr) REPULSA AO SEXO (Roman Polanski, 1965)* 55

119. (26 abr) A INTÉRPRETE (Sydney Pollack, 2005)* 67 (obviamente poderia ter sido construído em benefício próprio de maneira mais incisiva, se bem que isso em thrillers multi-culti-globais nos quais a premissa-pouco-omissa do ouvi-o-que-não-devia ganha corte pg-13 geralmente equivale à sutileza de britadeiras, aprofundando em sua temática de modo ensurdecedor e pouco harmônico, a qual é não-raro dilacerada antes mesmo de se chegar ao seu cerne: a perfuração ganha status de muito-barulho-por-nada. se o panorama internacional do muito-está-acontecendo atenta para a seriedade do genocídio (sudão) da forma mais chamada-da-reportagem-de-capa possível e a onu convenientemente concede sua sede para fazer parte de holofotes e cortas quando enfrenta uma grave crise de legitimidade neste - admitidamente - palidamente econômico filme é porque todo esse background é reduzido ao seu mínimo-essencial, e essa pincelada guache na paleta sisuda dos grandes temas atuais é na-mosca coerente e espontânea. generosidade fecha-os-olhos de minha parte? talvez sim, mas coloque num mesmo saco uma intérprete (a rigorosa e pisando-em-ovos lenta diplomacia das palavras: tradução fiel, sem somar ou subtrair elementos que podem custar um dedo pressionado no botão para se acionar a bomba) e um policial de escolta deluxe: ele, processando a dor da morte da esposa em modo mystic river; ela, aos poucos, abrindo seu livro, sua história, ambos tão distantes do universo neurótico de tratados, tribunais e constituições, presos em algo muito maior (e não-discernível!) que eles próprios. a opção acertada feita por pollack é reservar um entendimento rigorosamente a-político da personagem de kidman: qualquer revelação de seu passado tingido de vermelho-sangue guarda antes de mais nada implicações pessoais; anteriormente ao raciocínio condescendente da rebeldia do movimento de oposição e de como isso não a fez avançar um passo, o que acaba por incutir noções pragmáticas de pacifismo em sua cabeça - em determinada cena, ela declara preferir jogar uma corda e salvar o assassino de sua família à vê-lo se afogar -, temos outro, que alça tudo o que ela fez com estofo politizado no passado e o que ela faz nos dias que compreendem a escuta indevida e o provável dia do atentado a um âmbito mais interno e específico: a reação perfeitamente compreensível de quem perde três entes bruscamente e a busca pelo irmão desaparecido. não é um grande filme nem algo perto disso mas seu escopo sabiamente privilegia o humano e suas imperfeições adicionam muito ao conjunto (ex: o terrivelmente escrito desabafo de penn é suportável pela simples razão do compartilhamento de informações, é a exigência de uma reciprocidade entre ambos muda e consensual, quando se adquire confiança na outra parte suficiente para ignorar que pretensas revelações suas possam se transformar em cartas na manga para aquela). o tete-a-tete de kidman e zuwanie, revolvendo num frágil duplo comprometimento (ele olha-para-trás com nostalgia e olhos de 'o que foi que eu fiz?'; o filme risivelmente ratifica a ambivalência dela estabelecendo uma contradição primária entre seu o-que-falo uma coisa o-que-faço outra coisa: o rito africano de afogar o condenado: ela jogará a corda? ela segurará sua cabeça dentro d'água? - para ratificar isso) é compensado com a ternura da cena final: ao não traduzir a expressão africana para penn, kidman o incita a tentar sozinho e sua versão recebe um 'quase isso' enigmático dela. seria essa a diplomacia das palavras? um espaço, uma terra de ninguém entre duas partes, duas consciências e culturas que tradutor nenhum conseguiria se enveredar? kidman, aí, se despe de seus talentos profissionais para atingir um contato verdadeiramente olho-no-olho com penn, talvez o primeiro. pena que a cena fecha em ritmo de celebração com uma canção tribal africana... certo, kidman volta para seu país fictício no continente negro, mas essa reverência etnocêntrica nos últimos cinco segundos tem o efeito prático de cair numa armadilha quando se consegue evitá-la nas duas horas anteriores. quem disse que o mundo é justo? oh, a globalização!)

120. (26 abr) BOM DIA, NOITE (Marco Bellocchio, 2003)* 69

121. (28 abr) YOSSI & JAGGER (Eytan Fox, 2002)* 38 (gay 1 fala para gay 2: 'as coisas não são fáceis, isso não é um filme americano,' justificando sua opção de permanecer no armário nesses tempos-de-correção-intolerante em contraste com o gay 2 que já tomou coragem para contar-para-mamãe e reservar um quarto para ambos com cama de casal - depoimento emocionado: 'não quero mais juntar duas camas de solteiro.' - nas próximas férias. corta. mulher gostosa 1 coloca esses salgadinhos-isopor na boca de cada um dos combatentes, um deles apanha o cheetos e chupa o dedo dela. corta. gay 2 morre em combate, daí gay 1 faz a visita oficial à família e nesta vê o albúm de família do gay 2 (convenientemente encontrando a foto que este mencionou anteriormente num momento libera-geral da dupla) além de presenciar rompantes de introspecção arrependida da mãe do parceiro, cuja amostra representativa seria 'eu-não-sei-nada-sobre-o-meu-filho-nem-mesmo-sua-música-preferida'; o gay 1 sabe qual é a música preferida do gay 2, e os espectadores também, talvez por ela tocado incessantemente na trilha durante os momentos desmunhecados. corta. música pop alta no alojamento: paquistanês metódico e cartesiano lê um livro do jeito que pode, pessoas dançam e se divertem, alguns minutos depois um dos envolvidos faz sinal de 'câmbio. o comandante se aproxima. câmbio.' corta. mulher gostosa 2 é apaixonada pelo gay 2, ela procura um homem sensível, que a beije e abrace mas no final que a leve para cama e monte nela; um triângulo amoroso quadrado se instala porque o soldado 4 cai de quatro pela moça. corta. o cozinheiro prepara comida japonesa usando uma camiseta com os dizeres: 'don't fuck with the cook.' corta. estamos no exército israelense, com as cores desbotadas e o mexe-mexe-gostoso típicos do dv. se esta é realmente a representação down-to-earth da vida no exército israelense, eu me alisto assim que a próxima intifada estourar.)

122. (29 abr) MONDOVINO (Jonathan Nossiter, 2004)* 35