quarta-feira, abril 02, 2008

dentistas

ABRIL (adicionado: MARGOT AT THE WEDDING)

059. (02 abr) /I'M NOT THERE/ (Todd Haynes, 2007)* ***

060. (04 abr) /YOU CAN COUNT ON ME/ (Kenneth Lonergan, 2000) ****

061. (09 abr) /ESTAMOS BEM MESMO SEM VOCÊ/ (Kim Rossi Stuart, 2006)* ****
Garotinhos pululam por escadarias antigas e pelo telhado de um edifício residencial em Roma. Como em O ano em que meus pais saíram de férias (2006), permite-se que crianças sejam crianças. Mas o protagonista de apenas dez anos, munido de um binóculo, vai ao telhado para espairecer. Mamãe abandona o lar apenas para que possa voltar meses depois. Como em Conte comigo (2000) e A vida secreta dos dentistas (2002), permite-se que adultos configurem suas vidas como tal. E, ainda assim, estas são decisões que afetam seus filhos, apenas crianças, que testemunham um comportamento inadequado por parte de seus modelos mais imediatos. Que as crianças sejam chamadas ao conflito como já crescidas, e que os adultos se permitam acessos de raiva e gestos extremados, tanto melhor para o espectador: Estamos bem mesmo sem você é a mais sublime das ficções lançadas em 2007.
Com a mãe longe de casa, o equilíbrio da família em questão é delicado. Com sua volta, ele permanece assim. Este é um filme de difícil categorização: não se trata exatamente de um coming of age, porque o protagonista ainda está mais novo que o habitual para tanto. Ainda que existam alguns resquícios da conduta à Holden Caulfield no colégio (paixão juvenil truffautiana, aproximação com um menino surdo pós-trauma), a própria mola-mestra do filme, o retorno da figura materna, é um rito de passagem por si só, sendo encenado de modo a ser tudo menos triunfal. Sua aceitação de volta é uma decisão forçosamente partilhada pelo pai entre os dois filhos. Na verdade, tudo em Estamos bem mesmo sem você é partilhado. A experiência do menino com uma família funcional e amorosa se reflete diretamente na imagem estilhaçada que a sua própria o devolve. O abandono da competição de natação pelo protagonista só resultou em um desenlace aterrador porque se apostou toda a possibilidade de convívio familiar em uma medalha esportiva.
Estamos bem mesmo sem você é um drama doméstico inestimável. Não se desvia das situações mais pungentes e dolorosas e, ainda assim, dedica-se à criação de tempos mortos, que desnudam com destreza a vida em comunhão; também privilegia cenas bem observadas sem propósito algum que não uma preparação psicológica para o porvir. Assim, nada mais natural que os problemas financeiros perdurem, que o colega de sala mudo permaneça assim e que o status desta família seja o mesmo do princípio: são três, falta um, e os que restam estão bem mesmo assim. Entre as poucas diferenças: o presente aberto no ônibus, a reconciliação entre pai e filho consubstanciada no título original em italiano e a experiência de imersão incapaz de deixar qualquer olho seco impune.


062. (14 abr) /FORA DE JOGO/ (Jafar Panahi, 2006)*
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063. (16 abr) MY BLUEBERRY NIGHTS (Wong Kar-wai, 2007)* **1/2

064. (21 abr) CHRISTMAS IN JULY (Preston Sturges, 1940) ****

065. (22 abr) O DESEJO LIBERADO (Matthias Glasner, 2006) ***

066. (22 abr) OLHE PARA OS DOIS LADOS (Sarah Watt, 2005) ***

067. (22 abr) HARVARD MAN (James Toback, 2001) ***

068. (26 abr) /BROADCAST NEWS/ (James L. Brooks, 1987) ***1/2

069. (31 abr) MARGOT AT THE WEDDING (Noah Baumbach, 2007) **