sábado, janeiro 31, 2004

034. (29 Jan) Mulheres Diabólicas (La cérémonie, Claude Chabrol, 1995 | vídeo, Look, 111' | *+)

Por mais que eu admire a maneira impassível que Chabrol usa para apresentar as duas psico-amigas (o recorrente passado sombrio da dupla não é acompanhado de reflexão pós passar do tempo, "aconteceu, fazer o que? É a vida, lide com isso, siga em frente, atrás vem gente.") - o que evita qualquer sentimento de comiseração (mesmo sabendo que a personagem de Huppert não matou a filha, sua expressão contando aquela ocasião é tão... devastadora) - não consigo deixar passar observações das mais simplórias e rasas sobre a "luta de classes". "Uns com tanto, outros com tão pouco" pode ser o lema do filme, que se baseia unicamente nisso. Eu não tenho nada contra produções cujo gancho narrativo é marxista mas a partir do momento que um filme se sustenta na "opre$$ão vitima pessoas analfabetas", com suas idéias tão descabidas quanto mal alinhadas, ele perde seus pontos de credibilidade. A "luta de classes" no filme só não chega ao limite do grotesco porque não é dada como justificativa para o crime final (e essa razão não é uma das mais originais não: "problemas psico-emocionais"). E olha que nem todos os endividados e vestibulandos saem por aí atirando a esmo. Talvez seja sobre Auto-Controle; ou Separadas: Cidadãs modelo / Juntas: Assassinas; ou sobre o valor da alfabetização na hora de se contratar os serviços de uma pessoa, afinal ela pode se sentir oprimida porque você lê e ela não. Ah, o filme fala da Inveja que nutrimos por quem tem máquinas de lavar e assistem operetas na televisão com canais a cabo. E disserta também sobre o valor do preservativo na hora da diversão. Mas é inegavelmente tenso, as atrizes são perfeitas (a protagonista de Água Fria está aqui), pedagógico, institucional etc.



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