segunda-feira, março 01, 2004

A seguir alguns pontos injustificadamente atrasados sobre...

Aurora: Parem de freqüentar um blog que exalta um filme mas não sabe como expôr seu micro calcanhar-de-aquiles de maneira convincente (aliás, de maneira alguma) - no caso, a falta de interação mais vigorosa entre a Vampira e o camponês que se constitui em uma relação passivo-agressiva mas não a ponto do fascínio pela cidade e suas facilidades ser conciliado com a figura da mulher urbana; a separação da ilusão de sua criadora (a partir do momento em que ele se imagina nas danceterias ao invés de sua presença no campo a ser cultivado existe a suspeita do prazer próprio; não importa se é ou não fortalecido por sua "influência externa", o hedonismo que aquele homem nutre na busca pela felicidade, independe de paixões arrebatadoras-mas-ocasionais) o prejudica porque a reconciliação posterior do casal protagonista se potencializaria na quebra das duas vertentes unidas (femme fatale e "modernidades") a partir da reconstrução desses mitos ao lado da esposa, relativizando-os aos seus devidos lugares e reconhecendo a importância da união matrimonial, basicamente endossando os valores humanistas de Leo McCarey (ver a inacreditavelmente bela cena do casamento, ainda que se estruture em uma metáfora óbvia [curiosamente, estruturação é o termo perfeitamente aplicável, acrescentando-se um "re" a sua frente]). Mesmo com minhas críticas infundadas (ela se baseia mais em sensações, não é algo específico, objetivo - deixe uma mensagem na caixa de comentários caso queira algo mais... palpável - eu geralmente sou melhor em responder questionamentos aleatórios), Aurora continua firme e forte quando força seus personagens (notadamente o camponês ao tentar matar a esposa, a própria e a insegurança ao lado do marido irreconhecível e a Vampira na derrota final) a enfrentar seus vazios e inseguranças; a procura desesperada por conforto e felicidade os empurra para uma insatisfação compulsória (que, por sua vez, se alia ao desencanto e angústia de dois grandes filmes que vi recentemente: Segredos & Mentiras e Sobre Meninos e Lobos) a qual culmina em cada ato de ruptura com qualquer estrutura que os limita (especialmente a Moral desvirtuada). É sobre como achar seu próprio espaço não impedindo a livre procura de terceiros... Satisfação improvável mas não impossível etc. São temas que eu adoro.

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