segunda-feira, outubro 03, 2005

dia 11

MEU DEUS, MEU DEUS, POR QUE ME ABANDONASTES (de meio-dia as duas nessa sala de projeçao)? - 18 (quem diria que eu fosse me deparar com um filme que lida com a mixagem de forma ainda mais nauseante que OS INVISIVEIS. pelo menos no segundo o rotulo Filme de Ex-Teorico/Critico estava impresso em cada um de seus tediosos, insipidos, preprogramados fotogramas ('como eu traduzirei cinematograficamente essa passagem de uma critica qq minha pro meu filme de estreia?') ja aqui nem esse desconto pode ser dado. um virus causador do suicidio? musica eletronica? japao em 2015? personagens caminhando como se estivessem num filme de tsai mingliang? passo adiante.)

ESCOLA DO RISO - 43 (ja comprado pelo grupo estaçao, era esse ou manderlay e eu realmente tenho uma ponta de arrependimento pela escolha. cheguei no est botafogo 11 e tanto e ainda tinha ingressos disponiveis pra M. mas a ideia de ver num cinema lotado, eu ja estava meio baqueado me deixou reticente e fui ver essa comedia japonesa escrita pelo criador do otimo, otimo, otimo BEM VINDO SR MacDONALD - em vhs pela cult filmes - e junto com O GOSTO DO CHA é o filminho mais agridoce, arrasa-coraçoes, cuti-cuti, nicho-formado, voce-ja-viu-X-nao-perca, sorriso-no-rosto do festival. alias, se eu tivesse uma distribuidora eu comprava os direitos de GOSTO DO CHA, a recepçao foi impressionante e o filme muito aquem disso tudo. vamos la, escola do riso. 2 personagens: um censor no japao de 1940, outro escritor cujo leit motif é uma musiquinha bem sapeca, de cao-viralata (ele diz coisas como 'vale tudo pelo riso', 'a parodia tem suas regras' e minha favorita 'as comedias nao tem pano de fundo humanista, pra isso existem os dramas'), um heroi armitageano perdido em um terno do outro lado do mundo algumas decadas atras. o censor admite que Nunca Riu Na Vida, nao Compreende o Valor das Comedias, Nao Entendo do que (/porque) As Pessoas Riem, colocando empecilhos no processo criativo do autor que acabam por dar um verniz bem mais divertido que o 1o. corte. é ironico, logico e enquanto o filme se firme nisso ele tem meu voto de confiança. ele perde esse voto logo depois, com um maior e maior envolvimento do censor na peça, que sugere alguma esperança de reabilitaçao a uma vida feliz expressa em dialogos como "eu ri 83 vezes enqto lia a peça ontem, logo eu que nunca ri na vida" (serio, sinto muito) e os espectadores continuam achando essa reviravolta de postos parcimoniosa e harmonica e nao o contraponto mais surrado do mundo (feitiço contra feiticeiro). melhora em uma cena especifica - com o censor colocando o autor no seu devido lugar qdo ele impoe resiliencia de continuar submetendo-se aos caprichos impostos nao por respeitar o cargo alheio mas por Amar Escrever Peças - mas desaba com aquela sensibilidade-de-festival com a convocaçao militar do autor e Volte Vivo, Nao Morra Pela Patria e todos riem-chorando porque isso contraria as cenas iniciais. ok, entao, dois pesos e duas medidas? os creditos finais sao interessantes, no entanto.)

A ESPADA OCULTA - 49 (nao é Ruim, mas eu estava absolutamente exausto, esgotado, o trio ternura frio-fome-sono etc. as pessoas certamente vao comentar a Inexorabilidade do Tempo, Tudo Passa, Abra Caminho Pro Amanha, com o japao sendo introduzido a marcha do exercito britanico (e nao mais aqueles passos curtos e apressados engrçadissimos na minha opiniao) e armas de fogo e nao mais a sensibilidade romantico-tuberculosa da honra, do suicidio pra preserva-la, da dedicaçao franciscana a Ordem desses Bons E Velhos Samurais. talvez citem ozu e tudo, ja que o cara é a mao-na-roda subserviente na arte da associaçao passado/presente/inadequacao etc. mas nao, o filme é prolixo em qualquer contextualizaçao de ensejos de rebeldia nso atos de seus persongens. assim, a garota empregada da familia e amor da vida do protag nao pode se casar com ele porque pertencem a castas diferentes e depois ela arremeda 'mas nem eu sei o que é isso' como se fosse algo do passado mas recorrente (no final, o pedido de casamento é feito e aceito, o que é a coisa mais previsivel ate prum moribundo com 4, qse 5 dezenas de filmes nas costas); divertido é ver um personagem exclamando 'tudo esta conectado!' qdo o protg pergunta qual é a relaçao da introduçao dos metodos ocidentais de combate e do fato dele nao ser casado em idade avançada. ou ainda do amigo que tenta a sorte na Cidade e volta encarcerado pra cidade natal (a imagem do Futuro pode enganar vc!) ou ainda o confronto meio primitivo de dois amigos que comecaram o filme numa cena pacifica e acabam sendo colocados pelo destino em posiçoes frageis de perseguidor e perseguido pelo Cla Insensivel a esses laços. interessante mas peso-semi-morto)

DEPOIS DO MAR - 50 (furtado, vc me paga. nao tanto. caetano valoriza o caleidoscopio que ele invariavelmente consegue captar da natureza da patagonia - aqueles ceus, os tons convidam a uma frustraçao eu-preciso-ver-isso-antes-de-morrer - como se a dominasse tao bem qto seus personagens. o que nao é o caso e é bem vinda essa noçao de um filme de encontros casuais (alias, de encontro casual) realmente casual, despojado, somos-os-ultimos-nesse-fim-de-mundo, um ambiente pitoresco que convida a uma aclimataçao inicial (feita aos solavancos por uma narraçao decepcionantemente empolada envolvendo coisas que se deixa pra tras ou sei la [nota: eu nao consigo ler qse nada do que escrevi pra esse aqui]) e dialogos que convidam a uma resposta sisuda, engraçadinha essa-sua-pergunta-tem-outra-variante ("onde estamos?" seguido por um "aqui." etc) mas os pactos desesperados feitos entre os personagens meio a contragosto nao conseguiram contrair aquela afliçao digna de um filme de rohmer, de que eles tem consequencias reais, alem do simples escape, evasao (o homem diz a certo momento: 'escrevo pra entender esse mundo e construir o meu' ou algo assim; enqto a mulher é reticente qto a poesia, a musica, qq expressao humana que nao termine num cigarro e foi-bom-pra-vc?). e o Homem falar pra Mulher Depois de Morta "vc nao pode morrer, eu nem sei seu nome" é uma das tentativas mais frustradas de estabelecer que o vinculo entre esse dois é gigantesco e nao é estabelecido, nem firmado, nem potencializado pela mera identificaçao social do individuo, hum, vem de dentro. poetico, nao? nao. mas aqueles ceus...)


amanha sai o filme 75+, nao é possivel.

recado pra guilherme martins: usar bone dentro do cinema é patetico. obrigado.

PS: (editado) o guga deixou 3 msgs meio desesperadas (se explicar em post ja ultrapassado por um novo etc.) na caixa do post anterior. e nao é uma banalidade. pode sair caldo do arroz verde, quem sabe?

PS2: aparentemente uma segunda mariana invadira meus links em breve (http://www.livejournal.com/users/pin_up_grrrl/). deve ser o nome ou algo assim.




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