quinta-feira, outubro 14, 2004

boletim rasteiro:

esqueci de comentar (ou, ao menos citar) um curta da aula do JLV: MESHES OF AFTERNOON, mas que seja, aparentemente nosso professor não é adepto do esquema auto-didata de interpretação e precisa nos ajudar a formar uma opinião pausando a coisa de 20 em 20 segundos e babando algo como ("observem o plano POV.", "isso pode significar uma menção simbólica [complete com analogias aleatórias]"); de modo que acho que não vi a coisa ainda.

tentei com algum custo rever CRIMES E PECADOS, do Allen, no MGM, domingo. Não consegui terminar: inacreditavelmente tolo, guiado no ritmo do 'mosaico de personagens que compartilham alguma aflição e a ironia acachapante-mas-blah de Allen', são conflitos cuja deflagração anula solenemente o sentido de escolha, assim, 'minha amante vai destruir minha vida de casado, vou matá-la, mas dissociando ela-amante-rala-e-rola da nomedapersonagem-dona-de-casa-lava-e-passa temos um ser humano com direito à vida e a cometer erros, no caso, ameaçar minha vida de casado, logo terei de matá-la ETC...'

outra tentativa, em outros domínios dessa vez foi criar algo bem elaborado para 29 PALMS, deslumbrante, impecável construção do mito americano através de marcações (na acepção cenográfica do termo) e intimidade (o deslocamento, 'vultos vagando vagarosamente em voga') mas por hoje não deu. Problemas: não tenho bagagem suficiente para conceber algo assim & não fiz anotações o bastante de exemplos práticos embora com a revisão várias cenas e diálogos permancem vibrantes na cachola. E tem uma canção japonesa pop/country perfeitamente inserida no filme (no sentido de ritmo, em rel. às estradas arenosas do interior de Los Angeles)

e KILL BILL, VOL. 2, visto duas vezes seguidas hoje, quarta. Tarantino mostra suas cartas: coroa a experiência do espectador, indulge uma cultura que ele não criou mas se acoplou livremente; glória passada de mentor para discípulo = para reverenciar (o contido derramamento de sangue: a Noiva não mata ninguém aqui, ela arranca olhos e toca naturalmente em cinco pontos do corpo de Bill, mas ele não morre em suas mãos mas pelas suas mãos ["você está pronto."], nocauteia qualquer um testemunhar Bill literalmente entregando seu coração etc. entre outros detalhes de ouro [muito cansado para detalhá-los, mas sim, os monólogos fatalistas do início e o protagonizado pelo super-homem {RIP!} estão entre eles]) ou torcer o nariz (o treinamento, o chefe de Budd, o cafetão, o teste de gravidez) mas a linha de encantamento é prodigiosamente uniforme.

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