domingo, maio 16, 2004

Kill Bill: Vol. 1
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Ao contrário da afirmação de códigos singulares e auto-referenciais através de uma postura de intransigente reverência pessoal - imagine um filme deslumbrado pelos mecanismos criativos alheios e não pela sua própria lógica, a qual os organizará em um todo orgânico e coerente com a visão pessoal do cineasta -, Tarantino parece aderir de corpo e alma ao seu universo de referências a ponto de seus vários meios de expressão se entrelaçarem em processos simultâneos que vão de encontro à lógica fast do copiar e colar: os resultados obtidos apenas colocam em evidência que os significantes das diversas fontes inspiradoras de Kill Bill se equivalem às suas respectivas essências, matrizes originais; o cinema - e o mundo, por extensão - é sustentado no binário idéia + simulacro (e não vs.), se equivalendo e completando sistematicamente.

...

obs: apenas um panorama geral, nos próximos dias devo bolar algo sobre a ilusão do poder feminino - sem chicote meninas - e as intervenções narrativas super hiper ultra mega in's de QT.



Pílulas, capsulas, viagra e prozac cooexistindo em mutualismo; sua farmacia no seu com-pu-ta-dor! - rapidas, desgovernadas, nao revisadas:

*somente com receita*

Comprei o dvd de Punch-drunk Love. Nesse ponto da minha vida, meu filme favorito (ok, História Real, Casablanca e Luzes da Cidade já estiveram temporariamente no topo) e acredito que dessa vez a coisa dura mais que uma temporada. Cada vez que revejo as mãos dadas com reflexos azuis, a cena do interfone ("só queria que vc soubesse que aonde for ou o que for fazer nesse momento... queria te beijar logo agora" Ahhhhh), o disque-sexo, ou o amor e a raiva encontrando seus respectivos lugares no confronto no Rei dos Colchões (notoriamente, Tiago não gostou; não sei como etc.), alias, amor e violencia estao diretamente associados a Barry, já que o cara luta só pelo que considera (e aí esta o cerne da questão: considera como? respeitando ou temendo?). Qdo ele se "conecta" com EW, seus sentimentos fervem e gravitam em torno de uma raiva dificil de ser separada em amor ou ódio (logo, o confronto com PSH no final somente atesta que Adam Sandler lutará pela justiça do mundo porque mesmo esse mundo o tentando a jogar martelos pelas vidraças afora ctemente, o amor, a paz e suas possibilidades restauradas foram fornecidas pela sua logica, antes caotica, hj caotica mas facil de manusear). Nao é sobre aceitar o lugar o qual lhe foi dado mas sim trabalhá-lo e moldá-lo para que de alguma forma ele faça parte de algo maior. E o primeiro passo para isso é ser nocauteado pelo amor, o segundo, ser beijado por EW e o terceiro, comprar pudins p/ ir ao Havai, o quarto já não me diz respeito). Quem falar que o filme se resume a "o amor nos da poder incalculavel" vai se ver comigo na hr da saida. Pode me passar o dinheiro do lanche e da passagem seu maldito desalmado etc.

QT bebeu na fonte de George Armitage - vi Miami Blues, absolutamente delicioso. Um filme a ser redescoberto imo.

Forma e Conteúdo se agridem em Intervenção Divina (mais ou menos um deadpan forçado over and over again, um Kaurismaki pretencioso e demasiado pernostico). Jesus. Algumas metaforas politicas deprimentes (panela de pressao encabeça a lista). Gitai, queime as copias do filme de Suleiman por favor! Obrigado. Hmmm, ainda asssssssim, é envolvente demais para ser menosprezado como agora. Alguns meritos consideraveis. Mas não esse: "ver parte de capsulas do blog do Tiago"

Tróia é Atroz. Ahhh, entao o Cavalo de Troia existiu mesmo? E o falivel calcanhar de Aquiles? Ahhhh, papai nao mentiu quando me contava essas historinhas. Ahhh, papai me ama etc. Alias, acho que vou me suicidar se assistir outro "épico" cuja abertura é um mapa (com voice over, logico) que fornece "contexto historico" para tamanho nonsense a seguir. "Jesus". "!". "etc". ".".

A Outra Face continua brilhante, a cena dos espelhos no climax da invasao do predio é orgasmica imo. Muito metafisica. Alem da minha compreensao. Amem.

Janela Indiscreta idem.

Prisioneiro da Grade de Ferro - melhor momento: BARbearia; raspa do tacho do diabo etc. mas de alguma forma me pareceu ligeiramente superficial, pouco urgente, exceto quando somos devorados por imagens horripilantes - aí também..., sem desemerecer o doc. (ótimo, por sinal) somente aquela cena na cadeia filmada com negativos de Ônibus 174 dá um banho no dito. Reforço: ótimo mesmo assim.

vi KBV1 novamente (4a.) - estonteante, o motivo das minhas obs.s acima.

Diarios de Motocicleta é cinema do tipo mais covarde: academicismo pouco revelatorio. basicamente uma exposiçao das injustiças latino-americanas num vies condescendente (ver "melover" narraçao em off, esp. o ridiculo ultimo trecho: "Sera que nossas visoes se tornaram limitadas?"). Ainda assim alguma honestidade e atuaçoes se sobressaem. Provavelmente pior cena final do ano.

Bicicletas de Belleville: flui com segurança (tb né, 70 minutos), boa diversao, ocasionalmente inteligente (esp. o cachorro e seus sonhos tresloucados e alguns objetos de cena criativos por excelencia esp. massageadores) pena que muito do surrealismo pareça pastiche-chic e algo do barroco soe melhor em uma cinemateca de museu de tao antiquado. Algo como ArtEnnui for Kids. Ou não.

novo do altman e mulher do aviador de rohmer na proxima semana. iupi.

comprei tb a ultima sessao de cinema, spellbound e o iluminado em dvd.

em vhs, adquiri usados: tartufo (sim, murnau), labirinto de paixoes, festa de familia, nivel 5 (do chris marker, dir. de la jetee e Sans Soleil), assedio e DEAD MAN do Jarmusch. Pena que o video da minha nova casa é pessimo e destrambelhado.







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